Ouvir sons inesperados leva-nos a tomar decisões mais arriscadas

Ouvir um som inesperado imediatamente antes de tomar uma decisão leva as pessoas a fazer escolhas mais arriscadas.

Quando se toma uma decisão, alguns neurónios de cérebro emitem pequenas explosões do neurotransmissor dopamina. Este está envolvido em muitas doenças, incluindo a psicose na esquizofrenia.

No entanto, outros fatores alheios à decisão em causa, como um som inesperado, desencadeiam explosões deste neurotransmissor, podendo levar a uma tomada de decisão mais arriscada.

Num novo estudo, publicado este mês na Nature Communications, os investigadores testaram a ideia atribuindo a 1600 pessoas uma tarefa em que tinham de escolher entre um opção segura e uma opção arriscada que oferecia diferentes quantidades de pontos.

Segundo o Futurity, antes de efetuarem a escolha, os participantes ouviam uma sequência de tons. Nas primeiras experiências, os participantes ouviram seis tons seguidos antes de cada decisão.

“Descobrimos que os acontecimentos sensoriais surpreendentes, estas sequências inesperadas de tons, aumentavam o risco das pessoas”, diz a primeira autora do estudo, Gloria Feng.

Os participantes escolheram a opção arriscada em média 4% mais depois de ouvirem a sequência rara do que depois de ouvirem a comum.

Em análises adicionais, os investigadores reproduziram ambas as sequências com a mesma frequência, o que eliminou ambos os efeitos. Além disso, também trocaram as sequências de modo a que a que terminava num tom diferente fosse tocada mais vezes.

Nessas experiências, as sequências não aumentaram a tomada de decisões arriscadas, mas aumentaram a probabilidade de mudar as escolhas do ensaio anterior.

Embora os investigadores tenham diversas ferramentas que permitem estudar com precisão o sistema dopaminérgico em animais, as ferramentas para utilização em seres humanos estão em grande parte limitadas a produtos farmacêuticos que podem alterar os níveis de dopamina durante longos períodos de tempo.

Para além da tomada de decisões, estas descobertas também são promissoras para compreender o papel da dopamina no cérebro e o seu efeito nas doenças mentais.

Soraia Ferreira, ZAP //

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