Nanopartículas de ouro ultrafinas — milhares de vezes mais finas que um fio de cabelo humano — revestidas com anticorpos ficaram na retina durante meses sem causar toxicidade e restauraram parcialmente a visão de ratos.
Uma nova técnica utiliza nanopartículas de ouro para tratar a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) — uma das principais causas de perda de visão em todo o mundo, especialmente entre a população idosa — bem como outras doenças degenerativas semelhantes dos olhos.
A técnica, que será minimamente invasiva, utiliza nanopartículas de ouro ultrafinas — milhares de vezes mais finas que um fio de cabelo humano — revestidas com anticorpos. Estas partículas são injetadas na câmara vítrea do olho, o espaço cheio de gel entre o cristalino e a retina.
Uma vez no local, um laser infravermelho de baixa intensidade é usado para ativar as nanopartículas, estimulando células retinianas específicas de forma muito semelhante aos fotorreceptores saudáveis, de acordo com o estudo liderado pelo engenheiro biomédico Jiarui Nie da Universidade de Brown e publicado na ACS Nano a 20 de março.
A terapia já foi testada em ratos geneticamente modificados para apresentarem distúrbios da retina. Os resultados são promissores: não só as nanopartículas permaneceram na retina durante meses sem causar toxicidade, como também conseguiram ativar o sistema visual, restaurando parcialmente a visão dos animais.
A DMRI danifica a mácula, a parte central da retina responsável pela visão nítida, causando visão turva e deficiência visual. Os tratamentos atuais só conseguem retardar a progressão da doença, não revertê-la.
Em Portugal, cerca de 12% das pessoas com 55 anos ou mais sofrem com a doença. Estima-se que existam cerca de 310 mil pessoas com a forma precoce e cerca de 45 mil com a forma tardia ou avançada no país.
O que diferencia a nova técnica dos tratamentos atuais para a DMRI e doenças semelhantes, como a retinite pigmentosa, é sua natureza não invasiva. Os métodos tradicionais geralmente envolvem cirurgia ou implantes grandes.
“Este é um novo tipo de prótese retiniana que tem o potencial de restaurar a visão perdida devido à degeneração retiniana sem a necessidade de qualquer tipo de cirurgia complicada ou modificação genética”, diz Nie citado pelo Science Alert.
Embora o caminho para o uso clínico em humanos exija mais testes e aperfeiçoamentos, a inovação poderá transformar os paradigmas atuais de tratamento e restaurar a visão sem cirurgias complexas ou intervenções genéticas, notam os investigadores.