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Os veados estão a ter as crias mais cedo (e a culpa é das alterações climáticas)

Uma equipa de cientistas documentou a forma como o veado-vermelho selvagem de uma ilha escocesa parece estar a evoluir ao longo de décadas em resposta às mudanças climáticas, fazendo com que deem à luz no início do ano.

De acordo com o estudo publicado esta semana na revista especializada PLOS Biology, estes veados, que vivem na ilha de Rum, na costa oeste da Escócia, sofreram mudanças genéticas que fizeram que os animais tivessem crias quase duas semanas antes nas últimas quatro décadas.

Estudos anteriores de outros grupos de cientistas demonstraram que os veados desta ilha estavam a dar à luz mais cedo, em parte como resultado das temperaturas mais quentes que alteraram o seu comportamento e o funcionamento dos seus corpos.

O último estudo destaca o importante papel das mudanças genéticas adaptativas nesse processo. Os investigadores dizem que este trabalho representa algumas das primeiras evidências de que mudanças evolutivas estão a afetar a época do ano em que os animais selvagens dão à luz.

“Este é um dos poucos casos em que documentamos a evolução em ação, mostrando que pode ajudar as populações a adaptarem-se ao aquecimento climático“, disse Timothée Bonnet, principal autor do estudo da Universidade Nacional da Austrália, em comunicado, citado pelo Newsweek.

Para o seu estudo, Bonnet e os seus colegas examinaram registos de campo e dados genéticos que os cientistas recolheram da população de veados que viviam na ilha entre 1972 e 2016.

A análise da equipa revelou que as fêmeas de veado-vermelho, conhecidas como corças, com adaptações genéticas que as levaram a dar à luz e a ter crias no início do ano tendem a ter mais filhos ao longo da vida individual. Assim, os genes responsáveis ​​oferecem uma vantagem evolutiva e, como resultado, tornaram-se cada vez mais comuns nessa população de veados nas últimas décadas.

As mudanças climáticas estão a afetar a vida no nosso planeta Terra de várias formas e os cientistas dizem que, para as espécies sobreviverem, precisam de se adaptar passando por mudanças genéticas ou migrando para habitats mais adequados.

Por outro lado, um estudo publicado o mês passado na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences sugere que a adaptação genética acoplada à dispersão em novas faixas poderia colocar as espécies em conflito umas com as outras. Essa descoberta pode significar que os cientistas estão a subestimar a forma como as mudanças climáticas globais afetarão a biodiversidade e o número de extinções que ocorrerão.

Alguns cientistas argumentam que a Terra está atualmente na sua sexta extinção em massa, sendo que há espécies a desaparecer significativamente mais rapidamente. Aliás, um milhão de espécies em todo o mundo correm o risco de desaparecer devido às pressões humanas e às mudanças climáticas.

ZAP //

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