Os outrovertidos: descoberto um novo tipo de personalidade

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Considera-se introvertido, extrovertido… ou outrovertido? Há um novo tipo de personalidade – e o mais engraçado é que todos nascemos com ele.

O psiquiatra Rami Kaminski afirma ter descoberto um tipo de personalidade até agora não reconhecido – o “outrovertido”.

Num artigo na New Scientist, o especialista começar por contar a sua própria história de quando era escuteiro, em criança: “lembro-me de me sentir especial e adulto ao usar o uniforme no núcleo local (…) Mas, um dia, formámos um círculo, enquanto o chefe do grupo se sentava num pequeno banco e se dirigia a nós muito seriamente. Quando terminou de falar sobre o que significava ser um escuteiro, disse-nos para ficarmos em sentido enquanto recitava a promessa escutista, e nós repetimos solenemente atrás dele”.

“Ao dizer as palavras em voz alta, soube pela primeira vez que eu era diferente. Enquanto as outras crianças pareciam impressionadas com o vínculo sagrado e com os seus companheiros iniciados, eu não senti nada. Eram apenas palavras“, contou o psiquiatra.

A maioria das pessoas acha difícil imaginar o que é não sentir qualquer afinidade ou lealdade particular para com nenhum grupo. Isto é tão invulgar que é muitas vezes entendido como um problema psicológico a ser tratado.

No entanto, ao longo de 40 anos como psiquiatra clínico, Kaminski diz ter percebido que o desinteresse pela pertença e assimilação a um grupo não é um problema psicológico. Simplesmente é um tipo de personalidade nunca reconhecido.

Todos nascemos assim

Outrovertidos é o termo com que o psiquiatra descreve aqueles que não sentem a obrigação de fundir as suas identidades com as dos outros.

Na realidade, nascemos todos como outrovertidos, antes de o condicionamento cultural da infância cimentar as nossas afiliações a várias identidades e grupos.

Não conseguir adotar uma identidade de grupo pode ter consequências sociais numa cultura feita para se pertencer. No entanto, também pode ser vantajoso.

Quando não se pertence a nenhum grupo, não se está sujeito às suas regras implícitas nem se é influenciado pela sua força. Isso confere duas características benéficas: originalidade e independência emocional.

“Estar fora da colmeia, por assim dizer, permite-te pensar e criar livremente: ter ideias únicas, não contaminadas pelo pensamento de grupo ou pelo que veio antes”, escreve Kaminski.

Os outrovertidos não têm medo da rejeição social. Não procuram validação externa, nem dependem de outros para apoio emocional. Não sentem necessidade de convencer ninguém de nada, muito menos do seu próprio valor.

ZAP //

2 Comments

  1. Idem.
    Na minha vida já algo longa, já vi e já vivi tantas situações neste mundo de falsidade, que os humanos criaram, que não me revejo em nada. Tudo não passa de simples capitalização, apropriação e transformação de ideias e slogans amorfos com fins mais ou menos duvidosos. Nada é aquilo que parece ser. Tudo deve ser questionado. Mesmo quando parece ser legítimo e honesto.

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