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Os humanos são “analfabetos” na forma de comunicação mais comum

Não há um dicionário para a linguagem corporal porque esta não é encarada como uma linguagem verdadeira. Descodificar todas as vantagens da comunicação não verbal exige uma mudança drástica na educação.

Altamente aprimorada nos seres humanos, que a ela dedicaram milhões de horas de aprendizagem e prática oral e escrita, a comunicação verbal é uma habilidade que passa despercebida de tão diluída que está nas nossas vidas.

Toda a educação do indivíduo se prende a esta forma de comunicação e assim, pouco a pouco, vamos perdendo uma outra habilidade de comunicação — a linguagem corporal, ou comunicação não verbal.

A linguagem não verbal torna-se fundamental em vários momentos da nossa vida. Somos julgados pelas impressões que a nossa presença física transmite, muitas vezes antes de “abrirmos a boca”. Ao contrário das palavras, que simplesmente entendemos ou não, “vamos percebendo” as pistas não verbais que nos chegam. Nunca as aprendemos. Mas porquê?

A comunicação não verbal é de longe, segundo a grande parte das estimativas dos psicólogos, a mais comum, representando entre 70 a 93% de toda a comunicação. E de facto, se formos a pensar, muita gente não tem de dizer uma única palavra para criar impressões.

Quando colocamos a linguagem corporal frente a frente à linguagem verbal, uma entre as várias diferenças salta à vista — as pistas não verbais não têm, muitas vezes, significados fixos nem regras, ao contrário das palavras. A sua interpretação depende do contexto, tornando-as complexas e muitas vezes mal compreendidas.

A verdade é que aqueles que expressam melhor as suas emoções parecem ser também os melhores a “descodificar” os outros.

Mudar isto exige mudança drástica na educação

Ao contribuírem para a inteligência emocional — além de nos fornecerem pistas que as palavras nem sempre revelam — as habilidades de comunicação não verbal são negligenciadas.

Embora a pesquisa mostre várias diferenças individuais nas habilidades das pessoas para comunicar sem palavras, existem poucas oportunidades de formação formal para este aspeto crítico da comunicação. Os especialistas já têm, no entanto, alguns coelhos na cartola.

Segundo os peritos de linguagem do Psychology Today, Alan Crawley e Ronald Riggio, a compreensão da comunicação não verbal pode ser aprimorada com foco em três habilidades essenciais: expressividade, sensibilidade e controlo.

Expressividade envolve transmitir com precisão mensagens não verbais e emocionais. Funciona como uma espécie de “comando”, como exibir uma cara feliz quando queremos agradecer pelo ato de outra pessoa.

Já a sensibilidade remete para a capacidade de ler eficazmente as pistas não verbais dos outros.Treinar a capacidade de perceber quando é que as palavras não são leais ao estado de espírito de alguém — um desmascarar que algumas pessoas praticam melhor que outras. Quanto ao controlo, regular as próprias mensagens não verbais é o objetivo.

O treino da comunicação não-verbal também pode beneficiar médicos, terapeutas, vendedores, professores e uma variedade de profissões em que a interação com as pessoas é fundamental.

Tomás Guimarães, ZAP //

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