Os Himalaias eram imponentes. Uma colisão continental converteu-os no teto do Mundo

Uma nova técnica para medir a topografia do passado mostra que os Himalaias tinham no passado um pouco mais de metade da sua altitude — até que uma colisão continental converteu a cordilheira asiática no teto do Mundo.

A cordilheira dos Himalaias, frequentemente chamadas o “teto do mundo”, estão no centro de uma surpreendente revelação científica.

Dados de um estudo recente, publicado esta quinta-feira na Nature Geoscience, podem alterar a nossa compreensão sobre a formação desta majestosa cordilheira.

As montanhas são essenciais para a modelação do clima global. À medida que o ar quente sobe em direção às montanhas, condensa-se em chuva e neve. Na encosta oposta, os desertos prevalecem, num fenómeno designado como “chuva de sombra”, ou efeito Föhn.

Compreender a formação destas cordilheiras é crucial para quem estuda e modela os climas do passado.

No decorrer do novo estudo, cientistas da Universidade de Stanford descobriram que os Himalaias já se elevavam a altitudes significativas — antes de a colisão das placas continentais da Índia e da Eurásia ter elevado ainda mais a sua altitude.

Este facto contradiz a noção previamente aceite de que seriam necessárias colisões tectónicas massivas para criar elevações da magnitude dos Himalaias. O estudo evidencia que, muito antes de qualquer colisão tectónica, a base do Arco Gangdésico, uma parte dos Himalaias, já estava significativamente elevada.

Segundo Page Chamberlain, autor principal do estudo, os Himalaias tinham antes dessa colisão uma altitude média de 3.500 metros.

“isto é um pouco mais de 60% da sua altitude atual”, explica ao Europa Press o professor Daniel Ibarra, investigador do laboratório de Chamberlain e primeiro autor do estudo. “É muito mais do que se pensava, e este conhecimento pode mudar as nossas teorias sobre o clima e biodiversidade do passado”.

Para chegar a esta descoberta, os investigadores usaram paleoaltimetria, uma técnica que permite a medição das altitudes topográficas do passado.

A equipa adaptou uma técnica usada em meteoritos para medir altitudes em rochas sedimentares. Através da análise dos isótopos de oxigénio nas rochas, os cientistas conseguiram determinar a altitude a que estas se formaram.

O estudo não se limita a alterar a nossa perceção sobre a formação dos Himalaias; pode também ter implicações nos modelos climáticos do passado e servir para projetar novas teorias sobre climas e biodiversidade ancestrais.

O estudo lança também alicerces para uma análise mais aprofundada de outras cordilheiras, como os Andes e a Sierra Nevada.

A história da formação dos Himalaias, como a conhecíamos, está a ser reescrita. E com ela, a noção de que ainda há muito por descobrir sobre o nosso mundo antigo.

ZAP //

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