Os golfinhos têm um sétimo sentido

Para além dos nossos cinco sentidos, os golfinhos são dos poucos mamíferos que beneficiam da ecolocalização — mas não se ficam por aí. Os nariz-de-garrafa têm um sétimo sentido: conseguem sentir eletricidade.

Paladar, olfato, audição, visão e tato. Tal como nós, humanos, os golfinhos beneficiam destes cinco sentidos básicos, mas estes mamíferos estão um pouco à frente na corrida.

Os golfinhos estão entre os poucos mamíferos que beneficiam de um sexto sentido — a ecolocalização — uma sofisticada capacidade biológica de detetar, até quase 100 metros, a posição e distância de obstáculos através da emissão de ondas ultrassónicas.

Mais recentemente, provou-se que os golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus, também conhecidos como golfinhos-roaz ou roaz-corvineiro) possuem uma extraordinária capacidade de detetar campos elétricos, de acordo com um estudo liderado por Tim Hüttner da Universidade de Rostock e publicado em novembro passado no Journal of Experimental Biology.

A habilidade supera até mesmo a do ornitorrinco e posiciona os golfinhos entre os poucos mamíferos conhecidos por terem tais capacidades eletrorecetivas.

Esta sensibilidade a campos elétricos, mais especificamente a campos de corrente contínua (DC) tão subtis quanto 2,4 microvolts por centímetro, destaca um aspeto potencialmente fundamental dos seus mecanismos de sobrevivência, anteriormente subestimado nos seus habitats de águas claras.

O estudo concentrou-se em duas fêmeas de golfinhos, Dolly e Donna, do Jardim Zoológico de Nuremberga.

Quando uma peça de cabeça com elétrodos produziu campos elétricos fracos na água, os golfinhos demonstraram a sua capacidade de detetar esses campos com notável precisão. Enquanto Dolly mostrou uma sensibilidade limiar de 5,5 microvolts por centímetro, Donna exibiu uma sensibilidade ainda mais aguda, detetando campos tão baixos quanto 2,4 microvolts por centímetro, de acordo com o IFL Science.

Esta sensibilidade é notavelmente melhor do que a do ornitorrinco, anteriormente reconhecido como o primeiro mamífero eletrossensível, capaz de detetar campos entre 25 a 50 microvolts por centímetro.

Curiosamente, os golfinhos mostraram menos proficiência em detetar campos de corrente alternada (AC): precisaram de forças até dez vezes maiores em frequências mais baixas, o que sugere uma especialização na deteção dos campos DC gerados por fontes biológicas como peixes ou crustáceos.

Acredita-se que esta notável habilidade auxilie na caça, especialmente em condições onde a visibilidade é baixa ou em que outros sentidos estão comprometidos.

A eletroreceção, a capacidade de detetar campos elétricos, é uma característica evolutiva valiosa que surgiu independentemente em vários ramos do reino animal. É particularmente rara entre os mamíferos, com instâncias já documentadas em ornitorrincos, equidnas (semelhantes a um ouriço) e algumas espécies de golfinhos.

Este “sétimo sentido” que permite detetar campos elétricos, aliado às suas capacidades conhecidas em ecolocalização e outros sentidos, sublinha a inteligência e adaptabilidade destes mamíferos, adorados pelos humanos.

ZAP //

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