Muita influência de imperadores, de deuses e – claramente – do Império Romano. Duas pessoas ainda hoje são recordadas.
No início de um mês, Fevereiro, e ainda na fase inicial deste ano, decidimos deixar uma explicação sobre o nosso calendário, que se repete todos os anos – bem, menos nos anos bissextos, como este é.
Para já, é importante avisar, ou repetir, que o primeiro calendário romano não era como o actual: tinha apenas 10 meses e começava no equinócio da Primavera, em Março. Criado por Rómulo, fundador de Roma, vinha de outros tempos, sete séculos antes do nascimento de Jesus Cristo.
Olhando para a sequência actual, não havia Janeiro nem Fevereiro – que foram acrescentados poucos anos depois pelo sucessor de Rómulo, Numa Pompílio. o segundo rei de Roma.
A sequência de meses lunares – sincronizados com o movimento da Lua – acabou séculos depois, com o imperador Júlio César. Por isso, ainda hoje se fala no calendário juliano.
Júlio César (que vai voltar a aparecer neste artigo) teve ajuda de matemáticos do Egipto e estabeleceu a nova lei: Januarius, Februarius, Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, Septembris, Octobris, Novembris e Decembris.
Reconhecemos logo quase todos os nomes. Mas faltam ali Julho e Agosto, não é? Já lá vamos.
Primeiro, a explicação para cada nome dos meses. Alguns não reúnem consenso entre os historiadores.
Janeiro: Januarius era uma homenagem ao deus Jano, senhor dos solstícios que marcava o início do Inverno e do Verão. E tem ligação com “ianitor”, ou seja, “porteiro” – quem manda nos ciclos do tempo.
Fevereiro: februa, em latim, era um rito de purificação romano. Neste mês realizava-se essa cerimónia, que incluía oferendas e sacrifícios de animais aos deuses do panteão, para que a primavera seguinte fosse positiva.
Março: este é fácil perceber. Dedicado a Marte, o deus da Guerra. Mas Marte – Martius – também era responsável pela criação de vida, era o mês de plantações nos campos.
Abril: há quem defenda que vem de aperio, “abrir” em latim, porque abriam-se as flores; há quem defenda que celebrava a deusa do amor, Vénus.
Maio: homenagem a Maia, uma das deusas da Primavera.
Junho: outra alusão a outro patamar. Homenagem a Juno, a esposa de Júpiter. Uma entidade muito poderosa no panteão romano.
Julho: encontramos o primeiro de dois meses que entretanto mudou de nome. Era Quinctilis, quinto mês do ano (lembramos que o calendário começava em Março, antes). Mas o Senado de Roma, aproximadamente, no ano 44 a.C. omano mudou o nome para Julius, em homenagem a Júlio César, assassinado precisamente nesse ano. Júlio = Julho.
Agosto: o outro mês alterado e também por causa de um líder político. Era Sextilis, o sexto mês. Mas no ano 27 a.C. passou a ser Agosto em homenagem ao primeiro imperador romano, César Augusto.
Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro: eram os meses sete, oito, nove e dez. Talvez muitas pessoas nunca tenham reparado mas as primeiras letras de cada mês indicam isso mesmo: sete, outu (octobris no original), nove, dez. Está lá tudo. Mas isso era quando o ano começava na Primavera, como já explicamos. O calendário mudou, estes nomes não.
Já agora, e já que estamos em Fevereiro, uma curiosidade sobre este mês. Até tinha sempre 29 dias mas surgiu um problema: é que o mês de Júlio César (Julho) tinha 31 dias mas o mês de César Augusto (Agosto) só tinha 30 dias. Então o que se fez: tirou-se um dia de Fevereiro e colocou-se um dia extra em Agosto. Por isso é que Julho e Agosto são os únicos dois meses seguidos que têm 31 dias no mesmo ano. É por causa de Júlio e de Augusto.