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Descobertos organismos diferentes de todas as formas de vida até agora conhecidas

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jacilluch / Flickr

Organismos diferentes de todas as formas de vida até agora conhecidas descobertos

Cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram uma série de milhares de organismos tão únicos que não se encaixam em nenhum filo existente.

Na árvore da vida, os seres compartilham entre si características que os fazem pertencer a determinadas categorias. Por exemplo, os humanos possuem em comum com uma variedade de outras criaturas a espinha dorsal.

Esta única característica compartilhada é suficiente para agrupar com cães, peixes e lagartos. A cada um destes grupos, os cientistas chamam filo.

Agora, cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram uma série de milhares de organismos tão únicos que não se encaixam em nenhum filo existente.

No estudo publicado na revista científica Nature Microbiology, os cientistas utilizaram uma técnica relativamente nova conhecida como metagenomica, que envolve o sequenciamento de todo o ADN na amostra de um ambiente – sujidade, água, fezes, entre outros – para produzir o metagenoma da amostra.

De uma base de dados internacional de mais de 1.500 metagenomas, a equipa reconstruiu os genomas individuais de 7.280 novas bactérias e 623 novas arqueias.

Destes microrganismos, cerca de um terço eram diferentes de qualquer coisa que os cientistas já tinham visto antes, garantindo a criação de 17 novos filos bacterianos e 3 novos filos arqueanos.

“O valor real desses genomas é que muitos são evolutivamente distintos de genomas previamente recuperados”, afirma o principal autor do estudo, Gene Tyson. “Aumentam a diversidade evolutiva abrangida por árvores bacterianas e arqueanas em mais de 30%, e são os primeiros representantes dentro de 20 novos filos”.

Os microrganismos são notoriamente difíceis de estudar. Os cientistas só conseguiram cultivar com êxito 1 a 2% de todas as bactérias e arqueias conhecidas em laboratório, portanto, analisá-las nas suas condições naturais através da metagenomica pode ser a única maneira de estudar o resto.

E isso é importante porque, embora sejam muito pequenos, esses micróbios têm um enorme impacto no mundo.

Atualmente, a resistência a antibióticos é um problema global de proporções épicas. Os micróbios descobriram como se adaptar aos remédios prescritos para tratar diversos problemas de saúde, e essa resistência mata milhares de pessoas todos os anos.

Novas formas de antibióticos são quase exclusivamente descobertas em bactérias e fungos, de modo que as novas espécies descobertas pelos cientistas australianos poderiam eventualmente ser desenvolvidas em melhores drogas efetivas contra essas “superbactérias”.

Também existem usos industriais e ambientais para micróbios, como na criação de fertilizantes para agricultura e na fabricação de corantes, detergentes e outros produtos, bem como no combate a mudanças climáticas, com bactérias que consomem carbono, por exemplo.

Além dos muitos usos potenciais para esses organismos recentemente identificados, a mera descoberta é emocionante pelo que pode dizer sobre o mundo em que vivemos.

“Todas as questões que temos sobre a evolução – quem foi o nosso último ancestral comum, quando ocorreu o metabolismo do metano, quando os organismos que produziram oxigénio evoluíram – podem ser melhor respondidas se tivermos mais genomas para olhar e uma árvore mais detalhada para estudar“, disse o investigador Donovan Parks.

2 Comments

  1. Temos de admitir a possibilidade que todos os meteoritos provenientes do espaço sideral que anualmente entram na atmosfera terrestre, podem, alguns deles, albergar no seu interior bactérias ou microorganismos extraterrestres que se podem adaptar, eventualmente, às condições do ambiente terrestre e evoluirem favorávelmente. Quero com isto dizer que, muitas das bactérias que proliferam pelo planeta terra, podem ter origem extraterrestre.

    • Até nós podemos ter origem extraterrestre. Há muitos cientistas que defendem que tal poderá ser verdade e a vida na Terra ser importada de outros planetas onde deixou de ser possível. Obviamente que não foram os seres humanos que se deslocaram milhões de anos luz mas sim pequenas partículas que posteriormente originaram toda a evolução da vida.

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