Center for Whale Research, NMFS NOAA Permit

Duas orcas a usar pedaços de algas gigantes para se limparem
Uma equipa de investigadores descobriu que uma população de orcas ameaçadas no Pacífico usa ferramentas feitas de algas para se tratarem umas às outras – um comportamento nunca antes visto em mamíferos marinhos.
Num novo estudo, publicado na segunda-feira na Current Biology, os cientistas descrevem ter observado orcas a fabricar ferramentas arrancando pedaços de algas gigantes e enrolando-as entre os seus corpos durante interações sociais.
Imagens de drone captaram estas orcas a pressionar as algas contra as suas companheiras e a usá-las em sessões prolongadas de tratamento.
“O que é mais notável é que, apesar de este aparentemente ser um comportamento comum – vemo-lo na maioria dos dias em que voamos o nosso drone sobre estas orcas – ainda não tinha sido descoberto nesta população apesar de quase 50 anos de observação”, diz Michael Weiss, biólogo marinho da ONG The Center for Whale Research e autor principal do estudo, em comunicado publicado no EurekAlert.
“Descobrir que as orcas não estavam apenas a usar mas também a fabricar ferramentas, e que estes objetos estavam a ser usados de uma forma nunca antes relatada em mamíferos marinhos, foi incrivelmente emocionante“, acrescenta Weiss.
“Embora existam outras orcas em todo o mundo, estes exemplares representam uma população geneticamente, ecologicamente e culturalmente distinta“, diz Weiss.
Através das filmagens de alta resolução recolhidas, os investigadores descobriram que as baleias criavam as suas ferramentas partindo as extremidades dos caules de algas gigantes. Depois pressionavam pedaços de algas contra um parceiro e rolavam as algas entre os seus corpos durante longos períodos de tempo.
A população de orcas do Pacífico, criticamente ameaçada, tem atualmente menos de 80 indivíduos, que vivem no Mar de Salish, que se situa entre a Colúmbia Britânica e o Estado de Washington.
Embora o uso de ferramentas esteja bem documentado em primatas, elefantes e aves, permanece raro entre animais marinhos.
Weiss e os colegas observaram este comportamento em todos os grupos etários e unidades sociais, notando que as orcas eram mais propensas a tratar parentes ou parceiros de idade semelhante.
Os investigadores encontraram também evidências de que os indivíduos com mais pele morta eram mais propensas a participar na limpeza, o que sugere que o comportamento pode ter uma função higiénica.
Continua por saber se este tratamento assistido por ferramentas é único deste grupo — ou ocorre noutras populações de orcas.