Muitos dos partidos da oposição concordam com eleições, mas não no dia escolhido por Boris Johnson (12 de dezembro), que agora precisa de pelo menos dois terços dos parlamentares para fazer avançar o escrutínio.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou, esta quinta-feira, que vai marcar eleições para o dia 12 de dezembro. A proposta será apresentada na Câmara dos Comuns, na próxima semana, mas precisa do apoio de pelo menos dois terços dos parlamentares.
Esta será uma realidade difícil de alcançar, já que o Partido Trabalhista tem recusado essa ideia, temendo que não se chegue a um acordo para a saída da União Europeia.
“Tire de cima da mesa a saída sem acordo e apoiaremos absolutamente as eleições. Ando a pedir eleições desde as últimas, porque este país precisa delas para tratar de todas as injustiças sociais, mas a saída sem acordo tem de estar fora da mesma”, afirmou ontem Jeremy Corbyn, citado pelo Expresso.
O líder trabalhista não esclareceu, contudo, se um adiamento do Brexit até 31 de janeiro, como pediu o primeiro-ministro britânico à União Europeia, chegaria. “A saída sem acordo é uma ameaça que Boris Johnson tem usado e na verdade está prevista na legislação que apresentou ao Parlamento, a legislação que suspendeu”, disse ainda.
A UE deve anunciar, esta sexta-feira, a sua resposta ao pedido de adiamento. À partida, segundo as previsões, os líderes europeus deverão aprovar a decisão.
De acordo com o semanário, o resto da oposição também não está inclinada em concordar com Boris. Na opinião de Jo Swinson, dos Liberais Democratas, o primeiro-ministro está “a tentar distrair o país do fracasso do seu Governo” e a “exigir que o Parlamento lhe dê tempo para passar a sua proposta de lei à pressa sem o devido escrutínio”.
O Partido Nacional Escocês também já fez saber que quer novas eleições, mas não a 12 de dezembro. “As eleições devem ser exercícios para os votantes decidirem e não estratagemas para charlatães se safarem”, afirmou Nicola Sturgeon, líder do partido e primeira-ministra da Escócia.
Os deputados britânicos rejeitaram, na terça-feira, com 322 votos contra e 308 votos a favor, o calendário proposto pelo Governo, que previa uma aprovação da lei de aplicação do acordo até quinta-feira, um prazo classificado como demasiado curto para debater um texto de 110 páginas.