O vasto oceano está a ficar cada vez mais pequenos para algumas criaturas marinhas, principalmente devido à construção de infraestruturas humanas.
A vastidão do oceano faz com que pareça não ter fim, onde os peixes e outras criaturas marinhas podem vaguear livremente. No entanto, esta impressão é enganadora. Para muitas espécies marinhas, o oceano está a tornar-se cada vez mais restritivo devido à presença crescente de infraestruturas humanas.
De acordo com Karissa Lear, ecologista aquática da Universidade de Murdoch, na Austrália, muitos animais marinhos tendem a manter-se perto de habitats específicos, em especial as espécies juvenis, que são mais pequenas e mais vulneráveis aos predadores.
Embora estas criaturas sejam fisicamente capazes de nadar à volta de obstáculos, o seu comportamento natural impede-as frequentemente de o fazer. Esta hesitação pode causar grandes problemas, especialmente quando as estruturas construídas pelo homem obstruem o seu habitat, escreve a Atlantic.
Um exemplo disto pode ser visto com o peixe-serra perto da foz do rio Ashburton, na Austrália. Em 2017, engenheiros construíram uma instalação de carregamento para uma fábrica de petróleo e gás que incluía um cais de 550 metros de comprimento e uma parede que se estendia até ao oceano.
A área é um berçário crucial para o peixe-serra, em perigo crítico de extinção, e os cientistas estavam preocupados com a forma como esta estrutura afetaria o seu movimento.
Com o tempo, os investigadores descobriram que os jovens peixes-serra estavam relutantes ou incapazes de contornar a infraestrutura. Esta hesitação poderia impedi-los de chegar a zonas de alimentação importantes.
Uma solução poderá ser algo semelhante àquilo que acontece nas pontes verdes no Parque Nacional de Banff, no Canadá. Elas permitem que os ursos e os alces atravessem as estradas em segurança e as escadas para peixes permitem que os salmões contornem as barragens durante a migração.
Estas soluções estão a tornar-se cada vez mais comuns para os animais terrestres, mas pouca atenção tem sido dada à criação de estruturas semelhantes para a vida selvagem marinha.
No caso do peixe-serra, Lear sugere que os engenheiros poderiam ter criado passagens inferiores na parede para permitir que o peixe nadasse em segurança.
Com o tempo, esta situação pode conduzir a populações isoladas, geneticamente distintas e mais vulneráveis à extinção. À medida que as alterações climáticas continuam a alterar os ecossistemas marinhos, o movimento dos animais marinhos torna-se ainda mais crítico.