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Pela primeira vez, foi observada luz por detrás de um buraco negro

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EHT Collaboration

A primeira fotografia de um buraco negro

Um estudo divulgado esta quarta-feira revelou a primeira observação direta da luz por detrás de um buraco negro, através da deteção de pequenos sinais luminosos de raios-X, confirmando a Teoria da Relatividade Geral, de Einstein.

Segundo o estudo, publicado na revista científica Nature, a deteção da luz foi possível porque o buraco negro deforma o espaço, dobrando a luz e torcendo os campos magnéticos em seu redor.

Um buraco negro é um corpo do Universo tão denso que a luz que nele entra não pode sair.

Durante a observação de raios-X lançados para o Universo por um buraco negro supermassivo situado no centro de uma galáxia a 800 milhões de anos-luz da Terra, o astrofísico Dan Wilkins, da Universidade de Standford, nos Estados Unidos, identificou um padrão intrigante: sinais luminosos de raios-X que eram mais pequenos e tardios.

De acordo com a teoria, estes ecos luminosos eram consistentes com os raios-X refletidos atrás do buraco negro, apesar de a localização ser estranha para a luz surgir.

“Toda a luz que entra neste buraco negro não sai, pelo que não deveríamos conseguir ver nada do que está por detrás do buraco negro”, afirmou Wilkins, citado pelo site EurekAlert!.

Contudo, a luz surge por detrás do buraco negro porque este está a deformar o espaço, dobrando a luz e torcendo os campos magnéticos à sua volta, explicou o coordenador do estudo.

O buraco negro em causa tem 10 milhões de vezes a massa do Sol e está no centro de uma galáxia espiral chamada I Zwicky 1.

A observação direta da luz por detrás de um buraco negro corresponde às previsões feitas na Teoria da Relatividade Geral, publicada pelo físico Albert Einstein em 1915, de como a gravidade dobra a luz em torno dos buracos negros, refere, em comunicado, a Agência Espacial Europeia (ESA), da qual foi usado o telescópio XMM Newton para o estudo.

“Há 50 anos, quando os astrofísicos começaram a especular sobre como o campo magnético poderia comportar-se perto de um buraco negro, nem faziam ideia de que, um dia, iríamos ter as técnicas necessárias para observar isso diretamente e ver a Teoria da Relatividade Geral de Einstein em ação”, disse ainda Roger Blandford, co-autor do estudo científico, que também é professor de Física em Stanford.

O ponto de partida do trabalho da equipa foi querer saber mais sobre uma misteriosa característica de certos buracos negros, que se chama coroa.

O material que cai num buraco negro supermassivo alimenta as fontes de luz contínuas mais brilhantes do Universo e, ao fazê-lo, forma uma coroa, que começa com o gás que desliza para o buraco negro, onde é sobreaquecido até que os eletrões se separam dos átomos, criando um plasma magnetizado.

Segundo o mesmo site, a missão de caracterizar e compreender as coroas continua e vai exigir mais observações, sendo que parte desse futuro será o observatório de raios-X da ESA, chamado Athena (Advanced Telescope for High-ENergy Astrophysics). Wilkins está a ajudar a desenvolver parte do detetor “Wide Field Imager” do projeto.

“Tem um espelho muito maior do que jamais tivemos num telescópio de raios-X e irá permitir obter imagens de maior resolução em tempos de observação muito mais curtos. A imagem que estamos a começar a obter a partir dos dados neste momento ficará muito mais clara com estes novos observatórios”, disse.

ZAP // Lusa

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