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A obra de arte mais antiga do Reino Unido foi descoberta na ilha de Jersey

(dr) Natural History Museum London

Acredita-se que os desenhos descobertos em Jersey tenham cerca de 15 mil anos

A obra de arte mais antiga do Reino Unido foi descoberta em Jersey, a maior ilha das Ilhas do Canal, mostrando o que parecem ser cenas da Idade do Gelo de mamutes em terras antigas agora cobertas pelo oceano.

De acordo com o site Live Science, acredita-se que os desenhos tenham, pelo menos, 15 mil anos. Nessa época, uma vasta área de terra, agora conhecida como Doggerland, conectava as Ilhas Britânicas à Europa continental.

Os desenhos parecem mostrar mamutes, um animal bovino como um bisão ou um boi e um cavalo – que nesta altura eram presas para os caçadores humanos –, além de padrões abstratos. Muitos deles estão sobrepostos uns em cima dos outros.

As imagens estão gravadas em 10 fragmentos de pedra lisa, conhecidas como plaquettes, e foram descobertas em Les Varines, no sudeste de Jersey, uma das Ilhas do Canal, entre 2014 e 2018. Um estudo sobre as suas origens foi publicado, no passado dia 19 de agosto, na revista científica PLOS ONE.

O diretor das escavações, o geoarqueólogo Ed Blinkhorn, da University College London, disse que o local foi descoberto depois de um agricultor que lavrava aquela zona ter encontrado fragmentos de pederneira (esta pedra não é local de Jersey, por isso, os arqueólogos sabiam que devia ter sido levada de outro lugar).

“Rastreámos esse fluxo de material até à sua origem – uma grande área intacta de terra entre uma antiga roca [uma formação rochosa costeira] e um penhasco de granito enterrado”, disse Blinkhorn ao mesmo site.

Segundo o investigador, as escavações revelaram vários fossos, vestígios de ocre (um mineral pigmentado frequentemente usado por povos pré-históricos para rituais e pinturas corporais), grandes lajes de granito e várias lareiras para fogueiras, todas protegidas por uma camada de lodo e argila.

(dr) Silvia Bello / Natural History Museum London

O Live Science recorda que já foram encontradas plaquettes com desenhos em países como Portugal, Espanha, França, Alemanha e Bélgica. Estas gravuras são atribuídas à Cultura Magdaleniana, uma cultura de caçadores-coletores que prosperou entre 23 mil e 14 mil anos atrás.

“Estes fragmentos de pedra gravados dão-nos evidências emocionantes e raras de expressão artística naquele que era o limite mais distante do mundo Magdaleniano”, declarou, em comunicado, a co-autora do estudo, Chantal Connoller, arqueóloga da Universidade de Newcastle.

A ilha de Jersey, com apenas 14 quilómetros de largura, era pequena demais para suportar animais de grande porte, portanto, os retratados nas gravuras devem ter sido observados em terras agora cobertas pelo oceano.

Doggerland afundou por causa do aumento das águas do mar após o fim da última Idade do Gelo, há cerca de oito mil anos. Mas, milhares de anos antes, os cientistas acham que a terra era coberta por florestas e densamente povoada por animais, incluindo pequenos grupos de humanos.

Os investigadores pensam que este local em Les Varines era um acampamento temporário de um grupo desta antiga cultura, que viveu lá apenas enquanto o tempo e a caça estavam bons.

Mas a decoração deliberada dos fragmentos de pedra sugere assentamentos mais permanentes, considera Conneller. “As pedras gravadas são firmemente arte doméstica. As pessoas em Les Varines provavelmente foram colonizadores pioneiros da região, e criar objetos gravados em novos assentamentos pode ter sido uma forma de criar relações simbólicas com novos lugares.”

ZAP //

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