O custo do acasalamento: o sexo mata (literalmente) estes seis animais

O instinto de reprodução é uma das forças motrizes mais poderosas da natureza e leva os animais a fazer sacrifícios extremos, por vezes, o maior dos sacrifícios — dar as suas próprias vidas.

A complexidade e as consequências de vários comportamentos de acasalamento, desde o pato-real ao salmão, é explorada nesta lista elaborada pelo National Geographic.

São ratos, mas procriam como coelhos

O pequeno rato-marsupial-australiano, conhecido cientificamente como Antechinus stuartii, vive exclusivamente na costa leste da Austrália, mas os machos não sobrevivem além do seu primeiro aniversário, graças ao desgaste físico e mental causado pelo frenesim reprodutivo da espécie.

Acasalam intensivamente durante duas semanas, durante as quais não comem, mas sobrevivem ao metabolizar as suas próprias proteínas — um comportamento que causa a morte precoce dos machos devido à degradação do sistema imunitário.

Mas as fêmeas são tão ou mais azaradas: a maioria morre após parir a primeira ninhada. As que sobrevivem à primeira, não passam da segunda, graças à extrema violência dos machos no momento em que a “magia” acontece: agarram-lhes o pescoço com os dentes, levando muitas vezes à sua morte.

Surpreende-a. Senão, ela come-te vivo

Embora amplamente conhecido, o canibalismo após o acasalamento no louva-a-deus (Mantis religiosa) é menos frequente do que se pensa. A sobrevivência do macho depende, na verdade, da sua habilidade de surpreender a fêmea.

Estudos mostram que há uma probabilidade de 78% dos machos escaparem após o acasalamento, se conseguirem imobilizar a fêmea. O canibalismo é uma característica inerente à espécie, manifestando-se mesmo entre os recém-nascidos.

Um macho violento

O pato-real (Anas platyrhynchos), comum no hemisfério norte, é conhecido pela sua agressividade durante o acasalamento. Os machos atacam as fêmeas sem qualquer cerimónia, provocando-lhe ferimentos graves que levam muitas vezes à sua morte. Os machos procuram acasalar com a fêmea mesmo quando esta já é um cadáver.

A pressa é tanta que por vezes os machos acabam por tentar acasalar com outros machos por engano, consequência da presença das suas penas muito mais vistosas.

“Serás literalmente parte de mim… para sempre”

Wikimedia Commons

A dentadura de um tamboril

Os peixes abissais, como o tamboril, vivem nas profundezas do oceano onde encontrar um parceiro é um grande desafio — tão grande que levou ao desenvolvimento de um sistema de acasalamento de extremo apego.

Os machos, que são até dez vezes menores do que as fêmeas, mordem-nas e nunca mais as largam, fundindo eventualmente os seus corpos com o delas até as fêmeas se tornarem essencialmente reservatórios de esperma até à morte. E o cenário piora: uma fêmea pode ter vários destes machos mortos e colados ao seu corpo em simultâneo.

“Gerar uma única vez”

Espécies de salmão e truta investem todas as suas energias para subir rios e chegar aos locais de desova. O comportamento, que deteriora o seu estado físico e capacidade de reprodução, é conhecido como semelparidade, significa literalmente “gerar uma única vez”.

Outras espécies, como o salmão rei, são iteropáricos (“gerar repetidamente”). Conservam energia e condição física suficiente para migrarem novamente até ao oceano, permitindo-lhes acasalar mais do que uma vez na vida.

Sexo até ao esqueleto

Os percevejos, geralmente encontrados em camas humanas, têm um método de acasalamento particularmente brutal.

Os machos perfuram o exosqueleto das fêmeas para injetar o esperma. Não fazem distinção de género e atacam qualquer percevejo maior do que eles.

Tomás Guimarães, ZAP //

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