Desviar fundos é ilegal em todo o lado, mas desviar registos quânticos pode não ser. E pode estar aí mesmo a chave do complicado entrelaçamento. É uma abstração matemática, mas pode abrir caminho para um “submundo criminoso da física”.
Uma equipa de físicos, da Universidade Leibniz de Hannover, na Alemanha, identificaram campos que podem ser atores-chave num invulgar “assalto quântico”, como o descreve a Science Alert.
Mas, para entender isso, é preciso voltar ao início do século passado, quando o investigador de computação quântica Wim van Dam e o físico Patrick Hayden descreveram um processo a que chamaram “emaranhamento”, ou “entrelaçamento” por desfalque, nome dado à abordagem de dedos leves que alguns sistemas poderiam adotar para combinar os seus números sem deixar rasto.
Em termos matemáticos, é possível mostrar que algumas transformações quânticas são mais subtis do que outras. Um tipo de mudança retorna a um estado que não parece ter sido perturbado, por exemplo.
Descrita como uma espécie de catalisador, esta inversão permite operações de computação que não seriam possíveis nos casos em que os estados finais são alterados.
Os autores do estudo da Universidade de Leibniz, publicado na Physical Review Letters, demonstraram agora algebricamente que uma combinação da relatividade geral e da teoria quântica dos campos pode resultar num poço sem fundo de catalisadores.
Em teoria, um campo quântico relativista poderia servir como um recurso infinito de desfalque, emaranhando-se com partículas de formas que não alterariam os seus estados delicados.
“Uma vez que o banco está no mesmo estado antes e depois do desvio, isso significa que ninguém o consegue detetar”, explicou o investigador van Luijk à New Scientist. “É o crime perfeito”.
Para se tornar um sistema prático, seria necessário identificar um equivalente físico de um campo adequado. Neste momento, o desvio do entrelaçamento é mais uma abstração matemática do que um guia de “como fazer” para roubar silenciosamente o Universo.
No entanto, saber que níveis infinitos de entrelaçamento podem estar a ocorrer naturalmente no nada absoluto pode apontar o caminho para todo um “submundo criminoso da física”, como descreve a Science Alert. Convém ficar alerta.