“Nada justifica” o que aconteceu no naufrágio na Marinha Grande

Carlos Barroso/LUSA

Populares observam os trabalhos de resgate da embarcação

Três pessoas continuam desaparecidas, que ainda podem “estar na bolha”. Embarcação era de nova geração, com tripulação experiente.

Três de 17 pessoas que seguiam na embarcação que naufragou ontem, quarta-feira, entre a Praia da Vieira e a Praia de S. Pedro de Moel (Marinha Grande) continuam desaparecidas.

Estão confirmados três mortos e 11 pessoas foram resgatadas com vida.

A Autoridade Marítima Nacional informou, ao início da manhã, que as operações de busca decorrem com a presença dos navios NRP Setúbal e NRP Cassiopeia da Marinha Portuguesa, o Grupo de Mergulho Forense da Polícia Marítima e o Destacamento de Mergulhadores Sapadores n.º 2 da Marinha Portuguesa.

Por terra, estão elementos do Projeto “SeaWatch”, da Autoridade Marítima Nacional, apoiados por duas viaturas, elementos do Comando-local da Polícia Marítima da Nazaré e uma equipa de vigilância aérea do Comando-local da Polícia Marítima da Nazaré, apoiada por dois drones.

O nevoeiro impedia a participação de meios aéreos nas buscas.

O alerta para o adornamento da embarcação de pesca “Virgem Dolorosa” foi dado às 4:33 da madrugada para o comando local da Polícia Marítima da Nazaré. A embarcação estava a cerca de 2km de terra.

O porta-voz da Autoridade Marítima Nacional considerou que a ondulação não era suficiente para uma embarcação ter naufragado ao largo de praias de Leiria e confirmou a abertura de um inquérito de sinistro marítimo.

“À partida, esta ondulação que estamos aqui a sentir não é suficiente para a embarcação ter naufragado. Não estão condições oceanográficas muito adversas”, referiu José Sousa Luís.

Em declarações aos jornalistas, José Sousa Luís confirmou que já foi aberto um inquérito de sinistro marítimo, que servirá para averiguar as causas do naufrágio de uma embarcação onde “não existia excesso de pessoas a bordo”.

“Nada justifica”

O armador António Lé, presidente da Organização de Produtores da Figueira da Foz, disse não haver explicações para o naufrágio.

“A embarcação estava no exercício da sua atividade, em conjunto com as outras [mais seis da mesma organização] e, de um momento para o outro, virou. Não se sabe as razões, não se sabe nada, virou”, afirmou, em declarações à agência Lusa, António Lé.

Segundo o responsável, a embarcação foi comprada há três anos, é moderna e a tripulação experiente.

“Nada justifica o que aconteceu”, reforçou.

O mesmo armador acrescentou no Observador que esta embarcação era “de nova geração, com aço, com tudo o que é necessário e os requisitos obrigatórios de segurança, com uma tripulação experiente”.

Em relação aos desaparecidos, colocou a hipótese de ainda “estarem ‘na bolha’”, explicando: “Como o barco está virado ao contrário, pode ter uma caixa de ar“.

Luís Montenegro

O primeiro-ministro expressou a solidariedade do Governo para com as vítimas do naufrágio.

Numa visita ao final do dia à Docapesca, na Figueira da Foz, onde participou numa reunião com várias entidades, Luís Montenegro expressou “pesar, consternação e solidariedade a todos aqueles que foram atingidos” pela tragédia.

“Em nome dos portugueses e do Governo da República quero dar esta palavra de solidariedade total para com as vítimas, as suas famílias e toda a comunidade piscatória da Figueira da Foz e todos os pescadores portugueses”, sublinhou o líder do Governo aos jornalistas.

Várias equipas de psicólogos estão a prestar apoio às famílias dos três pescadores desaparecidos.

ZAP // Lusa

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