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O polémico Homo naledi trepava às árvores, caminhava e usava ferramentas

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John Hawks / Wikimedia

O polegar largo do fóssil da mão do Homo naledi indicia que esta espécie trepava às árvores

O Homo naledi, uma antiga espécie do género humano, ao qual pertence o Homem atual, era capaz de trepar às árvores, caminhar e usar ferramentas, uma combinação única, segundo os cientistas, revelam estudos publicados hoje na revista Nature Communications.

A descoberta da antiga espécie do género Homo, que ainda não foi datada, foi anunciada, há cerca de um mês, na África do Sul, por uma equipa de investigadores internacionais.

Os fósseis foram encontrados numa gruta, de acesso difícil, perto de Joanesburgo, no local arqueológico conhecido como “Berço da Humanidade” e inscrito na lista do património mundial da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Em 2013 e 2014, cientistas exumaram mais de 1.550 ossos pertencentes a pelo menos 15 hominídeos.

Agora, graças ao estudo de cerca de 150 ossos de mãos, incluindo de uma mão direita de adulto quase completa, a equipa da antropóloga Tracy Kivell, da Universidade de Kent, no Reino Unido, concluiu que o Homo naledi tinha um polegar largo e robusto e um pulso semelhantes aos dos humanos modernos, que sugerem a posse da capacidade de uso de ferramentas em pedra.

Contudo, os ossos dos dedos são maiores e mais curvados, deixando antever que a nova espécie de hominídeo se socorria deles para trepar às árvores, onde passava parte do seu tempo.

“Uma combinação única que nunca foi encontrada noutro esqueleto humano”, assinalou Tracy Kivell, citada pela agência AFP.

Além disso, ressalvam os cientistas, o Homo naledi, apesar de saber usar ferramentas, tinha um cérebro pequeno.

Dados que, para Tracy Kivell, são interessantes “para estudar os processos mentais necessários ao fabrico e à utilização de ferramentas”.

Quanto aos pés, os do Homo naledi são muito próximos do Homem atual, o que demonstra que a nova espécie possuía todas as características necessárias à posição de pé e à marcha.

O antropólogo William Harcourt-Smith, do Lehman College, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e outros investigadores estudaram 107 ossos de pés, nomeadamente os de um pé direito bem conservado de um adulto.

“O pé do Homo naledi é muito mais evoluído do que as outras partes do seu corpo, os seus ombros, o seu crânio e a sua bacia”, indicou William Harcourd-Smith.

(dr) National Geographic

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As particularidades dos pés desta espécie do género humano, bem como os seus longos dedos e os ombros próximos do macaco, revelam que o Homo naledi era, sem dúvida, de acordo com os cientistas, bípede mas também um bom trepador.

“Esta espécie vai mudar a nossa maneira de pensar a evolução humana”, sustentou William Harcourt-Smith.

A descoberta poderá, para os especialistas, fornecer mais informação sobre a transição, há cerca de dois milhões de anos, do australopiteco primitivo para o primata do género humano, o antepassado direto do Homem atual.

Polémica

O estudo destas ossadas já causou polémica, devido ao facto de haver quem ponha em causa a própria teoria da evolução, até hoje objecto de consenso científico.

“A descoberta do Homo Naledi parece calculada para dar razão aos defensores do apartheid, que afirmam que nós, negros africanos, descendemos do reino dos animais. Até nos negaram o estatuto de ser humano para justificar a escravatura, o colonialismo e a opressão”, sublinhou em setembro Mathole Motshekga, deputado e antigo líder do grupo parlamentar do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), a uma televisão local.

Para Motshekga, essa nova teoria sustenta a ideia de que os africanos têm origem em “sub-homens”, razão pela qual os habitantes do continente negro não são respeitados no mundo.

A polémica em torno da questão foi já alimentada até pelo próprio Conselho Nacional das Igrejas, organização historicamente implicada na luta contra o apartheid e que agrupa anglicanos e metodistas sul-africanos.

“É um insulto dizer que descendemos de babuínos. Muitos ocidentais pensam que os negros são babuínos”, reagiu o bispo Ziphozihle Siwa, dirigente do Conselho.

“Ninguém vai desenterrar os velhos mitos dos macacos para apoiar a teoria de que sou descendente de babuínos”, indignou-se Zwelinzima Vavi, secretária-geral da poderosa confederação sindical sul-africana COSATU, aliado fiel do ANC.

ZAP // Lusa

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3 Comments

    • Existem milhares de métodos/tratamentos/curas que estão das mais variadas formas relacionados com o FACTO de sabermos que somos animais, e que temos ancestrais em comum com TODOS os outros animais que existem ou existiram no passado… A evolução não é uma opinião, é uma certeza…

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