Há 66 milhões de anos, um peixe comeu, pelo menos, dois lírios do mar que não lhe terão caído muito bem. Acabou por vomitá-los, e os vestígios dessa indisposição ainda se encontravam, até esta semana, escondidos numa falésia.
Um pedaço de vómito fossilizado, que remonta ao tempo em que os dinossauros habitavam a Terra, foi descoberto esta semana na Dinamarca, informou o Museu da Zelândia Oriental.
Peter Bennicke, que se considera um “nerd dos fósseis”, estava a dar um passeio pelas falésias de Stevns quando descobriu esta antiga raridade.
Os especialistas confirmaram que se trata, de facto, de um pedaço de vómito, provavelmente de um peixe, datado final do período Cretáceo, há 66 milhões de anos – a época de dinossauros como o Tiranossauro e o Triceratops.
“Este tipo de achado é considerado muito importante na reconstrução de ecossistemas passados, porque fornece informações importantes sobre que animais foram comidos por quais”, explica o museu, num comunicado citado pelo The Guardian.
“Este é o pedaço de vómito mais famoso do mundo“, afirmou o paleontólogo Jesper Milan à BBC.
“Esta descoberta é um vislumbre único da situação quotidiana no fundo do mar Cretáceo — o mar durante o qual os dinossauros viveram”, afirma o investigador. “Diz-nos algo sobre quem comia quem há 66 milhões de anos”, concluiu.
O autor do um peixe que ingeriu duas espécies diferentes de lírios do mar (crinoidea), um animal aquático que mais parece uma planta. Não lhe terá caído muito bem.
“Os lírios-do-mar não são uma dieta particularmente nutritiva, uma vez que consistem principalmente em placas calcárias unidas por algumas partes moles”, assegura Milan. “Mas aqui está um animal, provavelmente uma espécie de peixe, que há 66 milhões de anos comia lírios-do-mar que viviam no fundo do mar Cretácico e regurgitava as partes do esqueleto.”