A memória do Oceano prende-se com a persistência das condições oceânicas é maior do que se pensava até agora. Novo estudo ajuda a prever o sistema climático.
Num estudo publicado em outubro na revista Geophysical Research Letters, uma equipa da Universidade de Liverpool conseguiu quantificar a memória dos oceanos, acompanhando a evolução das suas temperaturas em resposta a um único evento atmosférico extremo.
Este foi o primeiro estudo que quantificou de facto a memória dos oceanos, que até agora se pensava ser de entre 8 a 10 anos. Afinal, o Oceano Atlântico Norte, onde o estudo foi levado a cabo, lembra-se mais do que acreditávamos: entre 10 a 20 anos.
De acordo com a SciTechDaily, a dificuldade em identificar a memória dos oceanos deve-se ao facto de as mudanças contínuas nas forças atmosféricas ocultarem os efeitos a longo prazo da circulação oceânica.
Hemant Khatri, autor principal do estudo, garante que este “aborda uma questão fundamental: o que é verdadeiramente a memória dos oceanos. O novo quadro da memória oceânica revela os mecanismos físicos responsáveis pela memória oceânica plurianual e abre caminho a novos métodos de avaliação dos modelos climáticos“.
Agora, os autores do estudo atribuem a grande capacidade de memória do Oceano Atlântico Norte ao ritmo lento das alterações na circulação oceânica e no transporte de calor.
Para além disso, as flutuações das temperaturas oceânicas exercem uma influência significativa nos climas regionais, como as temperaturas do ar, ao longo de mais de uma década.
“Esta discrepância significativa na memória do oceano pode ter implicações substanciais na exatidão das previsões climáticas de cada década destes modelos”, diz Ric Williams, coautor do artigo.
“O nosso trabalho mostra como o oceano afeta o nosso clima e como a compreensão das mudanças de temperatura do oceano leva a uma maior competência durante a próxima década no que toca a projeções climáticas“, comenta ainda.