Especialistas usaram ressonâncias magnéticas e eléctrodos para poreceder a recolha de dados.
Os entendidos em canto dizem que para atingir a nota perfeita não basta ter uma boa voz, já que a emoção que nela é expressa pode determinar o quão boa – ou não – é uma canção. No entanto, uma nova pesquisa científica, sugere que também o cérebro pode representar a sua quota parte. De acordo com os investigadores, foi encontrado um grupo de neurónios que parece responder seletivamente ao som do canto.
Um grupo de cientistas norte-americanos monitorizou a atividade elétrica do cérebro enquanto resposta a 165 sons diferentes, desde peças de música instrumental a discursos ou cães a ladrar. Posteriormente, os dados recolhidos foram processados através de um algoritmo. A equipa combinou os resultados com dados recolhidos através de ressonâncias magnéticas feitas a 30 indivíduos diferentes para mapear a localização dos padrões do cérebro.
Samuel Norman-Haignere, um dos autores do estudo e investigador na Universidade de Rochester, explicou que a equipa decidiu combinar os dados provenientes de diferentes abordagens para ultrapassar as suas respetivas fraquezas e combinar as suas forças. “As ressonâncias magnéticas são um dos burros de carga da neurociência do conhecimento humano, mas é muito grosseira. Os dados inter-cranianos são muito mais precisos, mas têm pouca cobertura espacial”, descreveu.
O resultado confirmou descobertas anteriores, através de ressonâncias magnéticas, de que alguns neurónios respondem apenas a discursos ou respondem mais explicitamente a música. Ainda assim, os resultados também apontam que os neurónios das pessoas que parecem responder seletivamente ao bom do canto, ao passo que as reações a músicas ou discursos são mais fracas.
“Estes resultados sugerem que as representações de música são fraccionados em subpopulações seletivas para diferentes tipos de música.”
O trabalho científico também revelou que os neurónios específicos para a música parecem situar-se na parte superior das têmporas, perto de áreas previamente identificadas como respondendo particularmente à música ou à fala.
Os autores escrevem que é provável que estes neurónios seletivos não tivessem sido detetados em estudos anteriores, os quais se basearam exclusivamente em ressonâncias magnéticas, já que o uso de eléctrodos permite uma medição mais fiel da atividade cerebral. Os investigadores acrescentaram que estão a trabalhar para perceber que elemento do canto merece resposta do cérebro: se o timbre, a melodia ou o ritmo.
“O nosso estudo constitui um primeiro passo para responder a questões de longa data”, apontam os autores.