O Nemo sabia contar? Estudo sugere que sim

Uma nova investigação sugere que o peixe-palhaço consegue contar até três listas no corpo de outros peixes e, ao fazê-lo, pode ser capaz de identificar aqueles com maior probabilidade de ameaçar as suas casas e a ordem social.

Apesar da sua aparência querida, os peixes-palhaço são muito agressivos. Quando vêem um membro da sua própria espécie a aproximar-se da sua “casa”, costumam atacá-lo, mordendo e afugentando o intruso.

Segundo Justin Rhodes, neurocientista marinho da University of Illinois Urbana-Champaign, estes peixes “estão, literalmente, entre os animais mais agressivos do nosso planeta”.

No entanto, existem 28 espécies diferentes de peixe-palhaço pelo que uma questão emerge: como é que estes animais superterritoriais distinguem o amigo do inimigo?

No que toca à aparência, e dependendo da espécie, o peixe-palhaço pode ter entre zero a três listas, da barriga à espinha ou do nariz à cauda.

Para averiguar se estes peixes são capazes de contar as listas dos seus companheiros, Kina Hayashi, ecologista marinha do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, e a sua equipa colocaram 50 espécimes de Amphiprion ocellaris criados em laboratório em aquários individuais.

Depois, adicionaram outro peixe-palhaço comum e três espécies diferentes de peixes-palhaço criados em laboratório no tanque, sendo que todos os animais estavam protegidos dentro de uma caixa transparente e à prova de cheiros.

Os “intrusos” tinham diferentes combinações de laranja e preto e entre uma a três listas.

Os peixes “nativos” não conseguiam perseguir ou morder os “intrusos”, mas conseguiam assustá-los e encará-los – e foi mesmo isso que aconteceu quando os recém-chegados apresentavam o mesmo número de riscas que o peixe-palhaço residente.

Numa segunda experiência, a equipa colocou outros 120 peixes-palhaço em grupos de três dentro de aquários separados. Uma semana depois, os grupos foram confrontados com um quarto “peixe” – uma isca de resina laranja, de cor sólida ou pintada com uma, duas ou três listas verticais brancas contornadas a preto.

A presença de listas foi um fator determinante, na medida em que o peixe-palhaço perseguiu agressivamente e mordeu as iscas de três listas 10 vezes mais do que as iscas sem listas.

Além disso, os ataques a iscas de três listas eram duas vezes mais frequentes do que contra modelos de listas simples e 1,3 vezes mais frequentes do que a modelos de listas duplas.

As descobertas sugerem que os peixes-palhaço não só contam, como também usam essa habilidade para proteger as suas casas contra outros peixes da sua própria espécie.

O artigo científico foi publicado na Science.

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