O morcego dos Açores ainda é um mistério da evolução, 50 mil anos depois

Nyctalus azoreum

Antes de chegarmos aos Açores, um outro mamífero terrestre já conhecia os nove cantos naturais como a palma da mão. Agora, a sua história enfrenta graves obstáculos.

O arquipélago dos Açores é conhecido pela sua biodiversidade única, em parte graças à sua localização geográfica isolada que atraiu um conjunto de espécies exclusivas.

Uma dessas espécies é um mamífero que já habitava as nove ilhas muito antes de o português lá chegar — o morcego dos Açores.

Evidências genéticas indicam, segundo o National Geographic, que o Nyctalus azoreum chegou aos Açores há mais de 50 mil anos, numa colonização que foi, aparentemente, um evento único — estes morcegos não existem em mais nenhum local do mundo.

O Nyctalus azoreum tem uma história de colonização tanto fascinante, como enigmática. Descendente do morcego-arborícola-pequeno, um congénere continental, o morcego dos Açores desenvolveu diferenças morfológicas e comportamentais significativas. 

Além de ser, a par de outro morcego de taxonomia incerta, o único mamífero terrestre a residir nos açores antes dos humanos, esta espécie parece ter-se esquivado ao processo habitual de evolução.

Apesar de o voo ser uma característica inerente aos morcegos — já por si só invulgar nos mamíferos —, poucos ou nenhuns executam as proezas destes açorianos, que  empreendem viagens de 1500 km mar adentro.

Uma das diferenças mais notáveis é a sua invulgar atividade diurna, que contrasta com o comportamento dos seus parentes continentais. Esta singularidade pode estar associada às pressões seletivas impostas pelo novo ambiente do arquipélago ou à ausência de predadores.

Insectívoro, pode consumir diariamente uma quantidade de insetos equivalente ao seu próprio peso (15 gramas), um apetite voraz que desempenha um papel essencial no controlo de potenciais pragas.

Apesar de relativamente fácil de observar, o morcego dos Açores é considerado uma espécie rara e vulnerável. Estima-se que existam entre dois a cinco mil indivíduos distribuídos pelas ilhas dos grupos Central e Oriental dos Açores.

A história do morcego dos Açores enfrenta agora enfrenta vários desafios de conservação. A alteração do habitat, a perturbação dos seus locais de descanso e a mortalidade devido a catástrofes naturais são ameaças significativas à sua sobrevivência que levaram à sua classificação como “Vulnerável” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

ZAP //

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