O Anel de Fogo do Pacífico divide o manto terrestre em duas partes. Esta divisão é muito antiga e reflete tanto a criação como a destruição da Pangeia.
Um estudo publicado recentemente na Nature Geoscience revelou que o manto da Terra é dividido em duas partes que nasceram quando o supercontinente Pangeia se separou.
Esta divisão separa o manto em dois domínios distintos: o domínio africano, que abarca desde a costa leste da Ásia e Austrália até à costa oeste da América do Norte, incluindo a Europa e a África; e o domínio do Pacífico, que engloba principalmente o oceano Pacífico.
O domínio africano, repleto de uma diversidade rica de elementos e isótopos, contrasta com a relativa uniformidade encontrada no domínio do Pacífico.
Um dos líderes da investigação, Luc Doucet, da Universidade Curtin, explicou à Live Science que os processos observados são “heranças” da transição de Rodínia para Pangeia e da subsequente fragmentação de Pangeia.
A dinâmica tectónica durante a existência destes supercontinentes envolveu a subducção da crosta oceânica sob os continentes, um mecanismo que transportou materiais da superfície para o manto.
Este “tapete rolante geológico” formou um funil sob os supercontinentes, concentrando materiais diversificados sob estas imensas massas terrestres.
Mesmo após a desintegração de Pangeia, as assinaturas isotópicas e elementares desses processos permaneceram no manto, tanto nas suas camadas profundas quanto superficiais.
O atual estudo incluiu uma análise de 3.983 amostras de basalto das cristas médio-oceânicas, onde o magma do manto superficial emerge e solidifica. Utilizando aprendizagem automática, os cientistas compararam as composições dos basaltos, confirmando a existência dos dois domínios mantélicos.
A investigação sugere que os movimentos do manto, relacionados com as grandes províncias de baixa velocidade de corte (LLSVPs), ou “bolhas” do manto, podem estar por trás da separação dos supercontinentes.
Como escreve a Live Science, a descoberta deste fenómeno, além de esclarecer os processos geológicos da Terra, também aponta para as implicações desses processos na distribuição de elementos de terras raras e outros recursos vitais.