O Grande Sobrevivente: o nosso ancestral que sobreviveu ao asteróide de Chicxulub

Mark Witton. Steven C. Sweetman, Grant Smith, David M. Martill / Wikipedia

Conceito artístico da fauna de uma lagoa no Cretáceo

O parente mais antigo dos seres humanos, cães e morcegos partilhou o planeta Terra com os Titanossauros e Tricerátopos.

Embora os desenhos animados dos Flintstones mostrem os seres humanos a conviver lado a lado com os dinossauros, a ciência sabe que tal não aconteceu.

No entanto, alguns dos nossos ancestrais partilharam um breve episódio da História da Terra com os Tiranossauros e Tricerátopos.

Mas, ao contrário dos dinossauros, estes parentes distantes sobreviveram ao catastrófico evento de extinção em massa desencadeado pelo famigerado asteroide da cratera Chicxulub, de acordo um estudo publicado esta terça-feira na Current Biology.

Este estudo revelou que um grupo de seres vivos de origem cretácea de mamíferos placentários coexistiu brevemente com os dinossauros antes da sua extinção.

Os mamíferos placentários, também conhecidos como euterianos ou apenas placentários, são um grupo diversificado de animais dentro da classe de mamíferos.

Estes são designados por “placentários” devido à presença de uma estrutura especializada chamada placenta, responsável pela transferência de nutrientes e oxigénio do corpo da mãe para o feto em desenvolvimento, durante a gestação.

Há 66 milhões de anos, num ameno dia de primavera, um asteroide atingiu a Terra perto da Península do Yucatán, no México. A devastação provocada por esta catástrofe levou a um evento de extinção em massa que eliminou do planeta Terra uma série de espécies.

A perda mais célebre foi, sem dúvida, a dos dinossauros não aviários, mas há muitas outras espécies que também não conseguiram sobreviveram. Um exemplo inclui um roedor conhecido como Vintana Sertichi que habitava as florestas de Madagáscar e podia chegar aos 10 quilos.

No entanto, a questão que tem intrigado os cientistas é se antes desta extinção em massa, os mamíferos placentários conviviam com os dinossauros, ou se estes evoluíram após o embate do asteroide.

Embora os mais antigos fósseis de mamíferos placentários datem de rochas com menos de 66 milhões de anos, os dados moleculares sugerem que estes mamíferos têm uma origem bem mais antiga.

Neste novo estudo, uma equipa de paleobiólogos recorreu à análise estatística de registo fóssil para determinar se os mamíferos placentários se originaram antes do evento de extinção em massa. Para tal, recolheram os dados fósseis de grupos de mamíferos placentários mais antigos que existiam.

“Recolhemos milhares de fósseis de mamíferos placentários e analisamos os padrões de origem e de extinção dos diferentes grupos. Com base nisto, conseguimos estimar quando é que os mamíferos placentários evoluíram” afirma Emily Carlisle, coautora do estudo e paleobióloga da Universidade de Bristol.

Este modelo determina a idade de origem das linhagens com base no momento em que surgiram pela primeira vez. Já a idade de extinção é estimada com base no momento do seu desaparecimento.

Os resultados do estudo demonstraram que o grupos de mamíferos que inclui primatas, coelhos, lebres, cães e gatos evoluíram um pouco antes desta extinção em massa. Tal significa que os seus ancestrais conviveram e partilharam a Terra com os dinossauros.

No entanto, só após o embate do asteroide é que estas linhagens de mamíferos placentários começaram a ganhar forma e a evoluir para os animais que conhecemos atualmente.

É possível que a diversificação do grupo só tenha acontecido quando os dinossauros saíram de cena, uma vez que deixou de haver competição por recursos.

Ainda assim, e de acordo com este novo estudo, a verdade é que os primeiros mamíferos placentários sobreviveram a uma catástrofe única na História da Terra.

O primeiro lugar do pódio, no que toca a espécies vencedoras, vai para os Brontotheres ou “Bestas do Trovão”, ancestrais do majestoso e enorme rinoceronte, que não só sobreviveram como evoluíram e cresceram, passando de animais com 18 kg, para animais com mais de 900 kg.

Patrícia Carvalho, ZAP //

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