O melhor mapa de sempre da forma primitiva do Universo acaba de os dar uma confirmação precisa da idade do cosmos e da sua taxa de expansão. No entanto, as descobertas continuam a deixar grandes mistérios cosmológicos.
O nosso último e melhor mapa de sempre do Universo primitivo é cinco vezes mais pormenorizado do que qualquer outro que tenhamos tido até agora.
Contudo, apesar de apoiar com precisão o principal modelo do Universo, é também uma faca de dois gumes porque os novos dados não nos traz pistas para resolver alguns dos maiores mistérios da cosmologia.
Como mostra a New Scientist através de um novo vídeo, o mapa mostra imagem mais clara da radiação cósmica de fundo em micro-ondas (CMB) – uma ténue radiação remanescente das fases iniciais do Universo.
Dados anteriores situavam a idade do Universo em 13,8 mil milhões de anos e a taxa de expansão (conhecida como constante de Hubble) em 67 a 68 quilómetros por segundo por megaparsec de distância da Terra. Os dados do ACT confirmam estes dados, aumentando a precisão e a confiança nessas conclusões.
O ACT não só oferece uma melhor resolução e sensibilidade do que os mapas anteriores, como também mede a polarização da CMB, ou a orientação em que as ondas de luz oscilam, revelando alguma informação sobre a forma como a luz da CMB evoluiu ao longo do tempo.
E os mistérios por resolver?
Jo Dunkley, da Universidade de Princeton, que fez parte no projeto, explicou à New Scientist que os dados permitiram determinar com maior precisão os ingredientes do Universo, a sua dimensão, a sua idade e a sua taxa de expansão. No entanto, as descobertas continuam a deixar em aberto grandes mistérios.
“Ao olhar para a polarização da CMB com mais pormenor, poderíamos ter visto algo diferente, como a rutura do modelo cosmológico padrão. Porque sempre que se olha para o Universo de uma forma diferente, não se pode ter a certeza de que o modelo original vai continuar a funcionar. Estávamos prontos para ver algo que se afastasse desse modelo, alguma subtileza. Mas não vimos“, expôs.
Isto, por um lado, pode ter sido tranquilizador para os que estão a trabalhar no lambda-CDM; mas, por outro, não foi uma notícia bem-vinda para todos os cientistas.
Colin Hill, da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, disse à mesma revista que esperava ver nos dados alguma evidência de um fenómeno ainda não explicado, que pudesse ajudar a explicar a chamada tensão de Hubble: a discrepância entre a taxa de expansão do Universo dada pelo modelo padrão lambda-CDM e o que medimos diretamente.
O ACT recolheu os dados que compõem este novo mapa entre 2017 e 2022, mas foi agora encerrado. Dunkley diz que é improvável que obtenhamos um mapa de maior resolução durante alguns anos.