Falta de médicos e enfermeiros? Nunca houve tantos profissionais no SNS

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Nunca houve tantos profissionais no Serviço Nacional de Saúde, mas os sindicatos e as ordens questionam-se: “Onde é que eles estão?”

A narrativa sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS) parece consensual: há um falta de médicos e enfermeiros. Aliás, os próprios partidos, nos seus respetivos programas eleitorais, fazem promessas para tentar remediar a situação.

No entanto, o número de profissionais a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) nunca foi tão elevado, avança o Público, com base nos dados do Portal da Transparência do Ministério da Saúde.

Em dezembro, contabilizavam-se 148.452 profissionais no SNS, entre médicos, enfermeiros, assistentes operacionais, técnicos de diagnóstico e terapêutica e outros — mais 3.836 do que no final de 2020.

Os dirigentes das ordens profissionais e dos sindicatos dos médicos e dos enfermeiros desconfiam destes dados e salientam que é necessário interpretá-los com cuidado. Isto porque há cada vez mais profissionais a trabalhar em part time, por exemplo.

O problema destes dados é que “estamos a contar o número de trabalhadores e não o tempo de trabalho”, avisa o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Alexandre Lourenço. “Só com a redução para 35 horas semanais perdemos cerca de 15% da massa de trabalho”.

“O modelo atual de organização não funciona há muitos anos. Por mais pessoas que se contratem não resolvemos o problema”, acrescenta o presidente da APAH.

Na sua ótica, a solução tem sido contratar mais “em vez de resolver o problema dos trabalhadores que estão no SNS”.

“Onde estão todos estes novos trabalhadores?”. Esta é a pergunta feita pelos sindicatos e ordens.

“É a magia dos números. Se eu for renovando contratos com enfermeiros de quatro em quatro meses, num ano dá três”, atira a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco.

Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, salienta que a contratação de enfermeiro veio no contexto da pandemia de covid-19, mas “havia uma carência estrutural já antes”.

“Em vez de contar cabeças, o ideal seria contabilizar horas de trabalho”, realça o ex-secretário de Estado da Saúde Manuel Delgado em declarações ao Público.

ZAP //

6 Comments

  1. A onde é que estão a trabalhar os profissionais de saúde formados em Portugal? A outra coisa é qual é o número de profissionais de saúde a trabalhar no total do Sistema de saúde de Portugal: inclui o SNS, o setor privado de saúde humana (Hospitais Privados e clínicas privadas de diagnóstico e terapêutica) e o setor cooperativo e social de saúde humana (Santa Casas de Misericórdias, IPSS, etc). Ora, a verdade factual é que um dos obstáculos que se coloca à determinação do Número de Profissionais de Saúde de um país diz respeito ao Problema de Múltipla Contagem. Por exemplo, um médico diretor de serviço público hospitalar pode ser registado mais do que uma vez. Há enfermeiros e médicos inscritos em Quadros de Pessoal de Hospitais Públicos e Privados ao mesmo tempo. E há os recibos verdes de Profissionais liberais que são os mesmos profissionais de saúde exaustos e com Bernault. As Ordens dos Profissionais de Saúde são a fonte fidedigna de informação objectiva dos Profissionais de Saúde existentes em Portugal. Há enorme ausência de Organização do Trabalho nos Hospitais Públicos. A inveja dos políticos é alterar as normas jurídicas das Carreiras dos profissionais de saúde ao sabor das políticas e da Economia. Não há Gestão Pública da Saúde Humana no longo prazo.

  2. Em Portugal, os Administradores Hospitalares do SNS devem preocupar-se mais com os estudos e investigação científica no domínio da Gestão do Balanço Social dos Profissionais de Saúde, as entradas, as saídas, os reformados, o envelhecimento na profissão, a progressão e promoção nas carreiras profissionais de saúde. Em Gestão de cuidados de saúde em espaço hospitalar, é errático pensar unicamente em “tempos de trabalho”, horas de trabalho e horários semanais de trabalho dos Profissionais de Saúde. Uma boa Gestão Pública Integrada dos Hospitais Públicos no longo prazo deve ter em consideração a boa Gestão de Recursos Humanos dos Profissionais de Saúde e Gestão de Carreiras profissionais no longo prazo no contexto da Dimensão hospitalar e das valências de cuidados de saúde humana a prestar às pessoas. O core business da Administração Hospitalar são o bom Recrutamento e a boa seleção de Recursos Humanos dos Profissionais e das Regras de progressão e de promoção do desenvolvimento profissional em função das vagas e de incentivos à estabilização dos Profissionais de Saúde Humana no SNS.

  3. É preciso Ordem, Regras e Organização do Trabalho e das Carreiras dos Profissionais de Saúde. Por exemplo, do ponto de vista das Ciências Económicas e da Justiça Laboral, efetivamente, é errado verificar profissionais de saúde humana com mais formação académica e mais anos de tempo de serviço Profissional a auferirem o valor de remuneração de trabalho igual ou idêntico a um profissional de saúde com menos formação académica e menos tempo de serviço. O discurso político de que “Portugal tem a geração mais qualificada de sempre”. É um Desperdício! Logo temos Ineficiência Económica em Portugal. Logo não há Produtividade Laboral. Os tempos de trabalho no setor de saúde humana é uma falácia. Os Administradores Hospitalares já se esqueceram dos rendimentos marginais decrescentes no trabalho por cada hora a mais.

  4. Estas são as afirmações de Costa e companhia, neste caso deverão ser interrogados por que razão então as coisas não funcionam e há cada vez mais utentes sem médico de família, exames e operações a demorarem longos meses e até anos à espera de solução. Se fossem responsabilizados pelo que fazem e afirmam, certamente teríamos menos candidatos ao tacho!

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