O serviço de proteção civil do Haiti reviu em alta o número de vítimas do sismo de sábado no país, para 1.419 mortos e seis mil feridos, muitos dos quais tiveram de esperar por ajuda sob um sol abrasador.
O tremor de terra, com epicentro 125 quilómetros a oeste da capital, Port-au-Prince, destruiu cidades e provocou deslizamentos de terras, que dificultaram a prestação de auxílios no país mais pobre do Hemisfério Ocidental.
O Haiti já se confrontava com a pandemia do novo coronavírus, a violência de gangues, a pobreza crescente e a incerteza política subsequente ao assassínio, em 07 de julho, do presidente Jovenel Moïsem quando o abalo enviou os residentes para as ruas.
E a situação pode agravar-se ainda mais com a aproximação da depressão tropical Grace, que deve chegar ao país na noite de segunda-feira, com fortes ventos, chuvas intensas, deslizamentos de terras e inundações repentinas.
Dirigentes do país adiantaram que o sismo, com a magnitude 7,2, destruiu mais de sete mil casas e provocou estragos em cerca de cinco mil, deixando cerca de 30 mil famílias sem abrigo.
O abalo também destruiu ou causou estragos sérios em hospitais, escolas, instalações de empresas e igrejas.
A realçar as condições más, os dirigentes tiveram de negociar com gangues no distrito de Martissant para deixarem passar duas colunas humanitárias pela área, informou o Serviço da Organização das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários.
“Pouco mais de uma década depois, o Haiti está outra vez a cambalear”, disse a diretora executivo da UNICEF, Henrietta Fore, aludindo ao sismo de 2010 que destruiu a capital do país, causando a morte a dezenas de milhares de pessoas.
“E este desastre coincide com a instabilidade política, o aumento da violência dos gangues, alarmantes e elevadas taxas de subnutrição infantil e a pandemia do covid – para a qual o Haiti só recebeu 500 mil vacinas, apesar de precisar de muitas mais”, acentuou.
O país de 11 milhões de pessoas recebeu o primeiro carregamento de vacinas, doadas pelos EUA, no mês passado, através de um programa da ONU destinado aos países de baixos rendimentos.
A situação nos hospitais continua descontrolada. “Basicamente, precisam de tudo”, disse Inobert Pierre, um pediatra na Health Equity International, uma entidade sem fins lucrativos que dirige o Hospital St. Boniface Hospital, a duas horas de Les Cayes.