Novo nariz eletrónico cheira fezes para detectar bactérias

Universidade de Leicester

O dispositivo pode distinguir diferentes tipos de bactérias baseado no odor das reacções químicas que libertam

O dispositivo pode distinguir diferentes tipos de bactérias baseado no odor das reacções químicas que libertam

Cientistas britânicos desenvolveram um tipo de “nariz eletrônico” capaz de “cheirar” fezes e detectar nelas traços de bactérias que causam infecções mortais.

Segundo os investigadores, o dispositivo pode distinguir diferentes tipos de Clostridium difficile, uma bactéria infecciosa potencialmente mortal que causa diarreia e febres altas, baseando-se no odor das reacções químicas que estes micro-organismos liberam.

A equipa da Universidade de Leicester responsável pelo estudo, publicado na revista científica Metabolomics, afirma que as descobertas podem ser úteis para testes com pacientes em hospitais.

@psmonks / Twitter

Paul Monks, professor de Química Atmosférica na Universidade de Leicester

Paul Monks, professor de Química Atmosférica na Universidade de Leicester

Os “narizes electrónicos” já são usados para investigar o cancro, uma vez que são capazes de sentir o odor único de reacções químicas produzidas por um tumor no seio ou no pulmão.

Para conduzir a pesquisa, os cientistas investigaram que estirpes de C. difficile, algumas das quais causadoras de doenças, possuíam reacções químicas que poderiam ser detectadas pelo dispositivo.

Constataram que diferentes níveis de metanol, compostos de enxofre e outras substâncias eram produzidos por 10 diferentes estirpes da bactéria testadas no estudo.

Um dos membros da equipa, o professor Paul Monks, disse à BBC que “ao distinguir os odores das diferentes estirpes de C. difficile, fomos capazes de dizer quais eram benignas e quais eram malignas”

Isso que levou a uma questão: “Será que poderíamos fazer um teste como este em pacientes?”

“Mostramos que isto é possível em laboratório. O próximo passo seria repetir a experiência com as arrastadeiras usadas pelos pacientes para urinar, colocar-lhes o nariz electrónico e averiguar o estado real dos pacientes”, explicou.

Em 2012, morreram em Inglaterra 1.646 pessoas infectadas com C. difficile.

X LI / C KHAMMASH / ETH

Pesquisas anteriores já tinham abordado os componentes únicos da respiração humana

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Como funciona

O nariz electrónico usa um equipamento que mede os produtos libertados em milhares de reacções químicas que acontecem a cada segundo, chamado espectrómetro de massa.

Além de serem capazes de identificar a estirpe da bactéria, os investigadores acreditam que o melhor conhecimento da química destes micro-organismos pode ajudá-los a descobrir por que alguns causam doenças e outros não.

“Os testes realizados actualmente para revelar a presença de C. difficile não fornecem informações detalhadas. Este teste poderia permitir aos médicos identificar que tipo de bactéria está a causar a doença e, com isso, identificar o melhor tratamento para o doente”.

ZAP / BBC

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