Cientistas da Universidade de Washington e da Universidade do Havai descobriram um potencial candidato a antibiótico a partir de micróbios que são uma das fontes terapêuticas de maior sucesso: os actinomicetos.
Os actinomicetos produzem compostos bioativos que formam a base de muitos medicamentos, mas alguns – conhecidos como actinomicetos raros, por serem difíceis de encontrar – nunca foram devidamente analisados.
Lentzea flaviverrucosa é um dos mais notáveis. Segundo o investigador Joshua Blodgett, “tem uma biologia invulgar, que codifica para uma enzimologia incomum, que impulsiona a produção de uma química inesperada, todas alojadas num grupo de bactérias ignorado”.
Segundo o EurekAlert, a equipa responsável por esta investigação descobriu que este actinomiceto raro produz moléculas ativas contra certos tipos de cancro dos ovários humanos, fibrossarcoma, cancro da próstata e linhas celulares de leucemia.
Usando uma combinação de metabolómica moderna com técnicas de biologia química e estrutural, Blodgett e a sua equipa conseguiram mostrar que este actinomiceto raro produz efetivamente duas moléculas bioativas diferentes a partir de um único conjunto de genes chamado supercluster.
Os superclusters são raros em biologia e este tipo particular codifica para duas moléculas diferentes que são depois “soldadas” numa reação química atípica.
“A natureza está a soldar duas coisas diferentes em conjunto. E, ao que parece, contra várias linhas diferentes de células cancerígenas, quando se cola A e B, torna-se algo mais potente”, rematou o investigador.
A procura por novos tipos de antibióticos está a aumentar e a tornar-se cada vez mais emergente, numa altura em que as infeções resistentes aos medicamentos são uma ameaça de saúde cada vez mais grave.
O artigo científico foi recentemente publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.