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Nova tecnologia permite carregar o telemóvel a partir da urina

“Transforma o teu xixi em algo útil”. Era este o mote do quarto-de-banho especial instalado, este fim-de-semana, no Festival de Glastonbury, em Inglaterra, um dos principais eventos do calendário europeu dos festivais de música.

Neste WC adaptado, os litros de cerveja vendidos aos cem mil participantes do festival britânico transformaram-se numa fonte de energia, graças a um projeto do Laboratório de Robótica de Bristol.

O chamado “Pee Power” funciona através de células de combustível revestidas de micro-organismos “comedores de dejetos”, que processam a urina e, como consequência, acabam por geral eletricidade.

Por enquanto – e ainda que de forma bastante lenta – este sistema permitiu carregar a bateria de telemóveis e, ao mesmo tempo, produziu água limpa e fertilizante a partir das substâncias da urina.

De acordo com os cientistas de Bristol, o processo atual gera 40 miliwatts de energia com dois litros de urina, um salto considerável em relação aos 2,5 mW do protótipo apresentado em 2013. Mas ainda bastante aquém de um carregador de telemóvel tradicional, que tem capacidade de cinco watts.

“A nossa proposta é usar a urina para gerar eletricidade. Não estamos a depender da natureza errática do vento ou do sol: se existe um produto cuja oferta não tem fim, esse produto é a urina”, diz Ioannis Ieropoulos, investigador que coordena o projeto.

Ieropoulos explica que as atuais células microbiais geram energia suficiente para permitir o envio de SMS, utilizar a Internet e o que definiu como uma “curta” ligação. “Precisamos de refinar todo o processo para sermos capazes de carregar completamente uma bateria”.

Segundo os cientistas, a eletricidade é um subproduto do ciclo de vida desses micróbios, o que basicamente implica que mais urina gerará mais eletricidade. Ieropoulos e a sua equipa veem a utilização prática da tecnologia tanto num futuro de conforto doméstico como para solucionar problemas em áreas mais carentes como, por exemplo, campos de refugiados, onde a produção de energia é um dos problemas mais graves.

“As bactérias adoram alimentar-se dos dejetos, é o seu prato favorito”, brinca Ieropoulos. “Usar um dejeto como fonte de energia elétrica é o que há de mais ecológico”, acrescenta.

O projeto foi selecionado pela Fundação de Bill e Melinda Gates como uma das propostas que podem ampliar o acesso a saneamento básico, cuja escassez afeta 2,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo.

ZAP // BBC

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