Nova ferramenta captura exões para identificar serpentes venenosas

Christopher C. Austin

Uma equipa de investigadores desenvolveu uma nova forma de identificar os genes que são responsáveis pela produção de veneno nas diferentes espécies de serpentes.

Todos os seres vivos possuem ADN, a enorme molécula que contém as instruções genéticas para o desenvolvimento, funcionamento, crescimento e reprodução de todos os organismos conhecidos — como um manual de instruções para a vida.

Nas serpentes, há milhares de genes envolvidos na produção de veneno, e diferentes espécies de serpentes venenosas utilizam diferentes combinações e versões desses genes para as suas toxinas.

Num novo estudo, publicado na semana passada no Molecular Ecology Resources, os cientistas desenvolveram uma técnica chamada VenomCap.

Segundo o EurekAlert!, a VenomCap é um conjunto de sondas de captura de exões, que são grupos de moléculas concebidas para interagir com um grupo específico de genes. A técnica foi concebida para se ligar a qualquer um dos vários milhares de genes envolvidos na produção de veneno em serpentes.

“É importante saber o que está no veneno de uma cobra, porque diferentes tipos de veneno fazem coisas diferentes. Alguns venenos afetam o sistema nervoso, o sistema circulatório e outros a função celular”, diz a autora principal do estudo, Sara Ruane.

“Saber o que existe num determinado tipo de veneno pode ajudar no desenvolvimento de um antiveneno para tratar esse tipo de mordedura de cobra”, acrescenta.

Para testar a capacidade do VenomCap de se ligar aos genes produtores de veneno, a equipa recolheu amostras de tecido de 24 tipos de serpentes da família Elapidae, que inclui as cobras, as mambas e as cobras corais.

Este método conseguiu corresponder aos estudos genómicos anteriores, em média, com 76% de precisão. O VenomCap pode ainda ser utilizado com tecidos previamente recolhidos de qualquer parte do corpo de uma serpente, em vez de ser necessário que provenham diretamente das glândulas de veneno.

“O VenomCap pode ajudar os cientistas a comparar os venenos que estas serpentes produzem, o que poderia ajudar a responder a questões mais gerais sobre se os venenos evoluem para corresponder aos estilos de vida das serpentes ou se os seus estilos de vida evoluem para corresponder ao veneno que produzem”, conclui Ruane.

Este estudo é promissor na identificação de venenos presentes em diferentes espécies, de modo a fornecer dados para o desenvolvimento de tratamentos eficazes.

Soraia Ferreira, ZAP //

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