Nova estufa subaquática pode ser o futuro da agricultura

A 130 metros da aldeia de Noli, na região italiana de Ligúria, seis grandes cúpulas transparentes estão a cultivar ervas, vegetais e flores.

O projeto é conhecido como Nemo’s Garden (Jardim do Nemo), e é a primeira estufa submarina do mundo, segundo a Interesting Engineering.

Estas biosferas utilizam as qualidades ambientais favoráveis do oceano — como a estabilidade da temperatura, absorção de CO2, e controlo natural de pragas — para criar um habitat apropriado que seja capaz de produzir produtos frescos, de acordo com a Euronews Green.

O Jardim do Nemo tem implicações significativas no futuro da Terra, pois foi especificamente concebido para regiões onde os fatores ambientais, económicos ou morfológicos tornam o desenvolvimento das plantas particularmente desafiante.

O mundo terá de alimentar uma população global de 9,3 mil milhões de pessoas em condições climáticas cada vez mais instáveis até 2050, segundo os dados das Nações Unidas, e a equipa criou o projeto acredita que as explorações subaquáticas poderiam fornecer um fornecimento de alimentos às populações costeiras, onde a agricultura deve ser inovadora para sobreviver.

O Jardim do Nemo surgiu depois de Sergio Gamberini, presidente da fábrica de equipamento de mergulho Ocean Reef, ter sido desafiado por um amigo agricultor em 2012 a combinar a sua experiência na construção de equipamento de mergulho com o seu amor pela jardinagem.

Desde aí que o Jardim do Nemo passou a ser um projeto com o objetivo de trabalhar a ideia de cultivar plantas terrestres debaixo do mar.

Mais de uma centena de plantas diferentes criaram raízes neste jardim subterrâneo, desde ervas medicinais e aromáticas a alimentos como feijões e morangos.

Não só foram colhidos com sucesso diversos produtos das biosferas, como também foi possível determinar que as plantas produzidas neste ambiente eram mais ricas em nutrientes do que as cultivadas com métodos tradicionais.

“Todos os anos descobrimos novas aplicações possíveis para as biosferas”, sublinha Gianni Fontanesi, coordenador do projeto Jardim do Nemo. Ecoturismo, piscicultura, cultivo de algas marinhas, laboratórios de investigação científica e estações de investigação da vida selvagem subaquática são alguns exemplos.

Quando se trata de engenharia, aproximadamente 20.000 litros de ar são retidos sobre um corpo de água de superfície dentro de cada cúpula.

A luz do sol flui através da água, fora das biosferas, para alcançar e aquecer o ar no interior. Quando há menos luz natural no Inverno, os LED ligados à superfície por um fio de alimentação dão uma fonte extra de luz.

A água no exterior mantém a temperatura dentro da cúpula estável tanto de dia como de noite, e a evaporação e condensação dentro da cúpula mantêm as plantas abastecidas com água doce.

O Jardim do Nemo é apoiado pela Siemens Digital Industries Software, que permite à equipa monitorizar as biosferas à distância e, espera-se, acelerar os ciclos de inovação no sentido de uma industrialização e uma escala mais rápida.

O conceito já provou ser eficaz e bem sucedido, o que significa que a equipa pode agora começar a exportar a tecnologia para outros locais. De facto, as biosferas já foram construídas na Bélgica e na Florida Keys.

“Teoricamente, o projeto aumenta consideravelmente a percentagem da superfície mundial que pode ser utilizada para o cultivo de culturas, especialmente em países onde as condições ambientais tornam o cultivo de plantas difícil”, explica Gamberini.

O objetivo final da equipa é reduzir o mais possível o custo dos seus produtos. “O preço das nossas plantas de manjericão nunca será comparável ao que se paga num supermercado. Dito isto, elas vêm com uma pegada ambiental muito reduzida“.

Alice Carqueja, ZAP //

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