Uma equipa de cientistas chineses identificou as primeiras espécies de dinossauros conhecidas que tiveram dentes que cresceram durante juventude mas caíram na vida adulta, o que pode explicar o facto de as aves terem bico e não terem dentes.
O estudo publicado esta quinta-feira na Current Biology explica que a espécie descoberta – o dinossauro Limusaurus inextricabilis – é do grupo dos terópodes, a partir do qual evoluíram as aves.
“Descobrimos um fenómeno muito raro e muito interessante num dinossauro em que as mandíbulas dos juvenis com dentes passaram para mandíbulas bicudas sem dentes nos indivíduos mais maduros”, revela Shuo Wang, da Universidade Normal de Pequim.
Os especialistas analisaram restos fossilizados de 13 ceratossauros terópodes, encontrados no noroeste da China. Estes fósseis permitiram aos cientistas reconstruir o crescimento dos dinossauros desde o nascimento até à idade adulta.
“O dinossauro provavelmente comia carne quando era jovem, mas depois desenvolveu um bico com o qual possivelmente se alimentava de plantas“, afirmam os cientistas.
Segundo Wang, a perda de dentes não é um fenómeno assim tão raro em animais vivos. No entanto, é a primeira vez que se observa algo do género em répteis.
“Esta mudança dramática na anatomia sugere que existiu uma grande mudança na dieta do Limusaurus da adolescência para a vida adulta”, disse James Clark, investigador da Universidade George Washington, nos EUA, e co-autor do estudo.
Os fósseis analisados indicam que os Limusaurus inextricabilis jovens eram carnívoros ou omnívoros, o que explicaria a presença de dentes pequenos e afiados. Já os adultos seriam herbívoros porque a ausência de dentes impediria o consumo de carne.
A hipótese de mudança na dieta é apoiada por análises químicas aos ossos dos animais.
Devido às diferenças morfológicas entre os dinossauros jovens e adultos, os cientistas chegaram a pensar que os fósseis encontrados eram espécies diferentes.
“Inicialmente, pensávamos que tínhamos encontrado dois ceratossauros diferentes, um com dentes e outro sem, e até começamos a descrevê-los separadamente”, adiantou Wang.
Mas depois, os especialistas perceberam que os fósseis eram bastante parecidos e concluíram que os exemplares eram da mesma espécie, só que alguns eram mais jovens e tinham dentes.
Segundo Wang, a perda de dentes não é um fenómeno assim tão raro em animais vivos, mas é a primeira vez que se observa algo do género em répteis.