Um novo estudo oferece uma abordagem totalmente nova para reciclar plástico, tendo sido inspirada na forma como a natureza naturalmente “recicla” os componentes dos polímeros orgânicos presentes no ambiente.
As proteínas são um dos principais compostos orgânicos de que é feito o nosso mundo e são nada mais nada menos do que longas cadeias de monómeros — os conhecidos aminoácidos.
Foi na forma como estas moléculas podem ser quebradas e reconfiguradas que, agora, uma dupla de cientistas encontrou esta nova estratégia para reciclar polímeros sintéticos.
“Uma proteína é como um colar de pérolas, onde cada pérola é um aminoácido. Cada pérola tem uma cor diferente e a sequência de cores determina a estrutura do cordão e, consequentemente, as suas propriedades”, começa por dizer, em comunicado, Simone Giaveri, cientista de materiais da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça.
“Na natureza, as cadeias de proteínas quebram-se nos aminoácidos constituintes e as células reúnem esses aminoácidos para formar novas proteínas, ou seja, criam novos colares de pérolas com uma sequência de cores diferente”, acrescenta.
No laboratório, os investigadores tentaram inicialmente replicar este ciclo natural, fora dos organismos vivos.
“Selecionámos proteínas e dividimo-las em aminoácidos. De seguida, colocamos os aminoácidos num sistema biológico livre de células, que reuniu os aminoácidos outra vez em novas proteínas, com estruturas e aplicações totalmente diferentes”, explica.
Por exemplo, a equipa transformou com sucesso proteínas de seda numa proteína fluorescente verde usada na tecnologia biomédica. Apesar dessa desconstrução e reconstrução, a qualidade das proteínas permanece constante.
“É importante destacar que, quando se quebra e junta proteínas desta forma, a qualidade das proteínas produzidas é exatamente a mesma de uma proteína recém-sintetizada. Na verdade, está-se a construir algo novo”, diz na mesma nota Francesco Stellacci, também cientista de materiais da EPFL.
Então, qual é a conexão deste processo com a reciclagem de plástico? Como os dois compostos são polímeros, os mecanismos que ocorrem naturalmente nas proteínas também podem ser aplicados aos plásticos. No entanto, embora pareça uma abordagem promissora, Stellacci alerta que o desenvolvimento de tais métodos não acontecerá da noite para o dia.
“Isto exigirá uma mentalidade radicalmente diferente. Os polímeros são fios de pérolas, mas os polímeros sintéticos são feitos principalmente de pérolas da mesma cor e, quando a cor é diferente, a sequência de cores raramente importa. Além disso, ainda não temos uma maneira eficiente de juntar polímeros sintéticos de pérolas de diferentes cores de uma forma que controle a sua sequência”, avisa.
O cientista também destacou que esta nova abordagem para a reciclagem de plástico, a que chamaram “reciclagem de economia circular inspirada na natureza”, ou NaCRe, parece ser a única que realmente adere ao axioma da economia circular.
“No futuro, a sustentabilidade vai significar levar o chamado upcycling ao extremo, ou seja, pegar em muitos objetos diferentes e reciclar essa mistura para produzir a cada dia um novo material diferente. A natureza já faz isso”, concluiu.
O estudo foi publicado, a 23 de setembro, na revista científica Advanced Materials.
Boa noite. Será posssivel uma melhor revisão dos vossos artigos no sentido de não serem divulgadas definições incorrectas? “As proteínas são um dos principais compostos orgânicos de que é feito o nosso mundo e são nada mais nada menos do que longas cadeias de moléculas, ou monómeros, conhecidas como aminoácidos.” Sendo as proteínas de facto definidas como longas cadeias de moléculas, estamos então na presença de polímeros e não de monómeros, sendo que estes são de facto os blocos constituintes das longas cadeias, os referidos aminoácidos. Obrigado.
Caro leitor,
Obrigado pelo seu reparo.
O texto pode efetivamente prestar-se a outra leitura, mas “ou monómeros (conhecidos como aminoácidos)” reporta-se à palavra “moléculas” e não à expressão “longas cadeias de moléculas”.
Para clarificar a leitura, simplificámos a frase, onde se lê agora “nada mais nada menos do que longas cadeias de monómeros — os conhecidos aminoácidos.”