Nomes de bebés: porque é que escolhemos todos os mesmos?

Pode ser uma daquelas pessoas que, desde a infância, tem criado listas de potenciais nomes para dar aos filhos. Ou o seu interesse pode ter surgido apenas quando estava à espera do primeiro.

Segundo um artigo do Conversation, no Reino Unido, nomes como Evelyn ou Arthur eram vistos como antiquados, mas agora, por algum motivo, voltaram a estar na moda. Os futuros pais podem não contar aos seus amigos os seus nomes favoritos: são especiais e não querem arriscar que alguém os roube.

Contudo, quando o pequeno Arthur ou a Evelyn vão para a creche ou para a escola, percebem que o seu nome não é assim tão original – descobrem que há três ou quatro crianças com os mesmos nomes na sua turma ou na escola, apesar de os seus pais nunca ter conhecido uma Evelyn ou um Arthur antes.

No seu livro “A matter of taste: how names, fashions, and culture change” (“Uma questão de gosto: como nomes, modas e culturas mudam”, em tradução livre), publicado em 2000, o sociólogo norte-americano Stanley Lieberson revelou que os futuros pais gostam dos mesmos nomes ao mesmo tempo por uma variedade de razões – desde preferências geracionais a mudanças sociais e influências culturais.

O especialista referiu, porém, que a moda é o que mais dita a escolha dos nomes. Desde o final do século XIX, tornou-se uma questão não de costume, mas de gosto. Como tal, segue as mesmas mudanças que outras expressões de moda.

Quando se pensa em nomes atrativos, é interessante considerar se algum deles era comum na sua própria geração ou na dos seus pais. A resposta a estas duas perguntas é, provavelmente, “não”. E os nomes que associamos aos nossos pares ou aos nossos professores parecem “demasiado usados”.

Pelo contrário, nomes da geração dos nossos avós ou mesmo bisavós parecem mais atrativos. Uma pesquisa desenvolvida na Dinamarca mostrava que nomes de raparigas com duas sílabas e que terminam em “a” (como Alma ou Clara) ganharam popularidade desde 2000 – um século após a última vez que atingiram o seu auge.

Esse padrão de 100 anos faz sentido porque não se tem quase tantas experiências com nomes dessas gerações. E embora pensemos conquistar o ‘jackpot’ ao encontrar um nome tão único, os nossos gostos estão frequentemente alinhados com os gostos de outras pessoas da nossa geração. Tal como há preferências geracionais em relação à mobília, à música e aos penteados, o mesmo acontece com os nomes.

É claro que nem todos os nomes populares podem ser atribuídos às gerações mais velhas. Por vezes, os pais são inspirados pela cultura popular. Na Dinamarca, Liam nunca tinha sido um nome comum até aos anos 2000, quando começou a encabeçar as listas de nomes de rapazes.

Isso deve-se, em parte, ao rapper e apresentador de televisão dinamarquês LOC, também conhecido como Liam O’Connor. Em 1991, 14.087 Kevins terão nascido em França devido em grande parte a dois filmes lançados no ano anterior: “Dances With Wolves”, protagonizado por Kevin Costner, e “Home Alone”, cujo protagonista é chamado um rapaz chamado Kevin McCallister.

Mudanças culturais mais amplas também influenciam a popularidade dos nomes. Após a Segunda Guerra Mundial, a Dinamarca já não estava isolada das influências culturais dos Estados Unidos (EUA) e do Reino Unido. Como resultado, nomes ingleses como John e Tommy passaram a estar na moda.

Os nomes também são escolhidos, muitas vezes, como uma forma de transmitir a herança cultural. O movimento dos direitos civis nos EUA aumentou a popularidade de nomes como Elijah, Isaac e Kareem.

Como em qualquer tendência, a moda dos nomes varia de país para país – e também dentro de contextos linguísticos. Alfie é um dos nomes mais populares na Inglaterra e no País de Gales, mas quase totalmente ignorado nos EUA.

No entanto, por vezes, uma tendência pode atravessar fronteiras. Noé e Ella estão em todas as listas de nomes de topo desde a Dinamarca, Noruega e Suécia até ao Reino Unido. E é provável que conheça várias raparigas com o nome Emma, porque este é um dos que tem tomado de assalto o ocidente desde os finais dos anos 1900.

Nos últimos anos verificaram-se mudanças nas perceções tradicionais dos nomes de rapazes e de raparigas. Tem surgido um foco crescente em nomes que podem ser utilizados independentemente do sexo.

Dados de registos de nascimento em Inglaterra e no País de Gales relativos a 2020 mostram que a Ivy-Rose foi o nome próprio mais bem classificado para raparigas e Tommy-Lee foi o nome próprio mais bem classificado para rapazes.

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