Os neutrinos fantasma da nossa galáxia foram finalmente encontrados

ESA

Uma equipa voltou a analisar 10 anos de dados recolhidos pelo Observatório de Neutrinos IceCube, na Antártida, e encontrou provas de emissões de neutrinos no centro de nossa galáxia que apontam para fontes de raios cósmicos há muito procuradas.

Os neutrinos são partículas subatómicas tão pequenas que os físicos pensavam que não tinham massa, além de não terem carga elétrica.

Como são produto de raios cósmicos, partículas enigmáticas de alta energia que fluem constantemente pelo Universo em todas as direções, a comunidade científica ansiava encontrá-los.

Até agora, os astrónomos só tinham encontrado neutrinos originários de fora da nossa galáxia. No entanto, um artigo científico publicado na Science, anuncia que uma equipa encontrou os primeiros neutrinos da Via Láctea.

Citado pelo Popular Science, Luigi Antonio Fusco, investigador da Universidade de Salerno, na Itália, refere que “esta é uma descoberta muito importante“.

Para os detetar, a equipa não usou um telescópio, mas uma série de buracos perfurados a mais de um quilómetro e meio no gelo do Pólo Sul: o IceCube Neutrino Observatory. Por baixo dos poços, os detetores do IceCube detetaram os rastos de luz das partículas que os neutrinos produzem quando colidem com a matéria.

“O que mudou nesta análise é que realmente melhoramos os métodos que usamos”, explicou Mirco Hünnefeld, cientista da Universidade Técnica de Dortmund, na Alemanha, e membro da colaboração IceCube.

A equipa aprimorou as suas ferramentas de Inteligência Artificial e analisou mais de 59.000 deteções recolhidas entre 2011 e 2021, comparando-as com modelos previstos de fontes de neutrinos.

A nova análise dos dados do IceCube identificou com sucesso uma emissão difusa de neutrinos a brilhar no centro da Via Láctea com uma significância estatística de cerca de 4,5 sigma.

Apesar de ficar um pouco aquém do 5 sigma que os físicos usam para classificar com confiança uma descoberta como confiável, os resultados representam um marco no uso de neutrinos como meio de mapear o nosso Universo.

O próximo passo será restringir os pontos no céu de onde esses neutrinos vêm. Detetores mais sensíveis poderão ajudar nesta tarefa.

ZAP //

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