O terceiro trimestre da Netflix mostra um aumento de 2,4 milhões de assinantes e revela o sucesso de séries como “Jeffrey Dahmer” e “Stranger Things”.
A Netflix voltou a crescer em termos de receitas e número de assinantes, segundo anunciou a empresa de Los Gatos, Califórnia, esta terça-feira.
No último trimestre, a Netflix conseguiu chegar aos 223 milhões de assinantes e prevê continuar a crescer e juntar mais 4,5 milhões de subscritores até ao final do ano.
Este crescimento chega “depois de um primeiro semestre desafiante”, segundo a descrição da empresa, na sua carta aos acionistas, da perda de assinantes que levou à sua forte desvalorização na bolsa.
Com a estreia da série “Monster: The Jeffrey Dahmer Story”, a quarta temporada de “Stranger Things” ou dos filmes “The Gray Man” e “Purple Hearts”, a empresa de streaming juntou 2,4 milhões de assinaturas, segundo avança o Público.
“Acreditamos estar no caminho para reacelerar o crescimento“, lê-se na carta aos acionistas preocupados com o deslize do negócio, depois de a empresa ter crescido durante a pandemia, com novas assinaturas acompanhadas de novos concorrentes, e agora perante a iminência de uma crise financeira global.
Sobre os concorrentes que roubaram quota de mercado à Netflix — Amazon Prime Video, Disney+, HBO Max, etc — estima-se “que estejam todos a perder dinheiro, com perdas operacionais combinadas de bem mais de dez mil milhões de euros, contra os lucros operacionais anuais da Netflix de 5 a 6 mil milhões de euros”, sublinha também a empresa.
O foco será agora neste campo e não tanto no número de subscrições. Por isso mesmo, a Netflix anunciou que vai deixar de revelar as suas previsões relativamente a novos assinantes a cada trimestre.
Em Julho, previa chegar aos 221,67 milhões de subscritores, com receitas de 7,8 mil milhões de dólares no terceiro trimestre, tendo superado as expectativas.
“Graças a Deus que se acabaram os trimestres de contração”, afimrou Reed Hastings, presidente da Netflix, em chamada com os investidores na terça-feira.
“Stranger Things” foi a temporada com mais sucesso de uma série em inglês da Netflix, com 1,35 mil milhões de horas vistas. Já em relação aos filmes, “Gray Man” chegou a 118 milhões de casas.
A série “The Sandman” teve 351 milhões de horas e Dahmer já conta com 824 milhões de horas vistas. É a “segunda maior série em inglês” da empresa.
A Netflix destaca ainda a série “Squid Game” e o sucesso da série sul-coreana “Extraordinary Attorney Woo“, mencionando também produções locais como “The Empress” (Alemanha) ou “Sintonia” (Brasil).
Estes são os segundos resultados mais aguardados da Netflix do ano — em abril, a empresa que criou o modelo streaming e anunciou que, no início do ano, perdeu assinantes pela primeira vez em mais de uma década.
No segundo trimestre do ano, a empresa perdeu menos assinantes do que previa e reforçou a ideia de que ia ceder e introduzir publicidade, num novo tipo de subscrição mais barata, como também ia combater a partilha “abusiva” de contas.
Chegou a meio do ano com 220,67 milhões de assinantes, previsões de crescimento nos resultados que agora anuncia, e mais de 300 pessoas despedidas.
Em agosto, o grupo Disney, com várias plataformas de streaming — em Portugal, algumas operam sob a marca global Disney+ — ultrapassou pela primeira vez a Netflix em número de assinantes.
A empresa manteve o chamado lançamento binge, ou seja, de uma temporada de uma série de uma só vez, tendo citado na carta aos acionistas o exemplo da série sobre o assassino em série Jeffrey Dahmer — a disponibilidade de todos os episódios ajudou a aumentar o interesse na série.
“Squid Game” também é mencionado nesse sentido, sendo que a maior parte da concorrência da Netflix recuou ao modelo de um episódio semanal.
Na semana passada, a empresa anunciou que o novo plano com publicidade será lançado já no próximo mês em 12 países — Portugal não está incluído. Será mais barato e terá acesso a menos 5 a 10% de conteúdos.
Também terá uma nova funcionalidade de transferência de perfil, “que permite que as pessoas que usam a sua conta transfiram um perfil, incluindo as recomendações personalizadas, o histórico de visualização, A minha lista, os jogos guardados e outras definições, quando subscrevem a sua própria adesão”.
Relativamente à partilha abusiva de contas, embora não se refira diretamente, a Netflix realçou que vai permitir a quem “pede emprestada” uma conta transferir o seu perfil para a sua própria e nova conta, e a quem partilha poderá criar “sub-contas” para “membros-extra” como familiares ou amigos.