Negócio de bunkers “a preços acessíveis” em crescimento

O aumento da tensão com a Coreia do Norte fez crescer o interesse pelos abrigos nucleares subterrâneos e em reforçar os protocolos de segurança na costa oeste dos Estados Unidos, a mais próxima de Pyongyang e dos mísseis.

As constantes chamadas a pedir informações a um dos poucos construtores de abrigos do país são a prova indubitável de que a preocupação com um possível ataque com armas atómicas é cada vez maior, mesmo com o regime norte-coreano “adiando” as ações já anunciadas contra a ilha de Guam.

“Vivemos numa nova era, e já não estamos na Guerra Fria com os russos, estamos em guerra quente com a Coreia do Norte. Será uma guerra nuclear ou nada”, disse à Agência EFE o proprietário da Atlas Survival Shelters, Ron Hubbard.

Hubbard é pioneiro na construção de abrigos subterrâneos a preços acessíveis nos EUA. Nas últimas semanas, os pedidos multiplicaram-se e o interesse pelo produto atraiu dezenas de pessoas até às instalações da fábrica da empresa na cidade de Montebello.

Entre os compradores, há quem esteja disposto a gastar mais de 10 mil dólares – mais de 8 mil euros – para ter um local seguro, com comida, água potável e oxigénio. “Queremos ter detalhes sobre os preços e onde podem ser instalados, não é tão simples”, declarou María Hernández, uma guatemalteca que vive na Califórnia.

O empresário afirma que os abrigos devem estar localizados a seis metros de profundidade do solo. “Vai dar a máxima proteção, pode proteger da explosão nuclear, da radiação gama e da chuva radioativa”, explicou.

Os abrigos anti bomba não são a única opção com a qual os habitantes da costa oeste contam para enfrentar um possível ataque nuclear. A cidade de Ventura, no sul da Califórnia, elaborou um plano de quase 300 páginas sobre como agir se uma bomba explodir no centro de Los Angeles e como proceder em situação de emergência.

Robert Levin, funcionário de saúde pública, deixa conselhos aos moradores da região: “Estar informado pode fazer uma grande diferença num evento nuclear e pode salvar centenas de milhares de vidas”, afirma Levin. O plano de Ventura começou a ser implementado em 2013, ao mesmo tempo que o negócio de Hubbard se começou a expandir.

“Quando o Estado Islâmico apareceu, há três ou quatro anos, as pessoas levaram mais a sério e perceberam que, se os terroristas tiverem acesso a uma ‘bomba suja’ ou uma bomba nuclear, podem usá-la contra os EUA. O negócio tornou-se mais estável“, comentou o empresário.

O diretor do Gabinete de Serviços de Emergência do governador da Califórnia, Mark Ghilarducci, considerou que o seu estado está mais avançado do que outros na gestão de emergências, entre elas um ataque nuclear.

No entanto, líderes de cidades como San Francisco discutem como abordar a ameaça de um ataque, segundo o encarregado de emergências, Michael Dayton, ao jornal “San Francisco Chronicle”.

Tanto Hubbard como os funcionários do estado concordam que os abrigos e os planos de emergência dão uma sensação de segurança às pessoas: “Dão paz mental“.

A Atlas Survival Shelters soube capitalizar esta necessidade de segurança. Em 2011, a empresa tinha cinco empregados. Agora, em 2017, conta com 20 pessoas que trabalham na construção de abrigos subterrâneos.

Neste momento, há mais funcionários a serem contratados para a fábrica que inaugura no próximo mês no estado do Texas, e no futuro o plano é abrir uma unidade em Monterrey (México).

Dependendo do preço, o abrigo pode ter duche, sanitas, seis camas, cozinha e espaço para armazenar comida e água para 28 dias.

Enquanto todos esperam que a tensão entre os dois países não provoque um ataque nuclear, Hubbard insiste que a alta procura por abrigos continuará, pois também são seguros em casos de terremoto, tornado e outros desastres naturais. “É como ter um seguro de carro”, comparou.

// EFE

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