Kremlin anuncia que negociações com Ucrânia estão em pausa

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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov

“Os canais de comunicação existem, estão bem estabelecidos”. Mas “não se deve usar óculos cor-de-rosa” ao analisar a situação no terreno.

As negociações entre a Rússia e a Ucrânia para pôr fim à guerra estão numa fase de pausa, uma vez que não foi fixada qualquer data para novas conversações, anunciou hoje a presidência russa (Kremlin).

“Os canais de comunicação existem, estão bem estabelecidos”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

“Os nossos negociadores têm a possibilidade de comunicar através desses canais, mas, por enquanto, podemos falar mais de uma pausa”, disse Peskov.

As negociações realizadas este ano em Istambul não permitiram avanços significativos, exceto um acordo sobre a troca de prisioneiros de guerra.

Peskov disse que a Rússia “mantém a disposição de continuar o caminho do diálogo pacífico e procurar formas de resolver a situação”, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.

Insistiu que os resultados das negociações não podem ser imediatos e afirmou que “não se deve usar óculos cor-de-rosa” ao analisar a situação no terreno, referiu a agência de notícias russa TASS.

“Não se pode usar óculos cor-de-rosa e esperar que este processo de negociações conduza a resultados imediatos”, afirmou.

Peskov disse que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no início também acreditava ser possível chegar rapidamente a um acordo, mas depois compreendeu que era necessário mais tempo.

“Mas os obstáculos colocados pelos europeus são um facto. Não é segredo para ninguém”, disse Peskov, atribuindo aos países europeus a falta de progressos nas negociações, indicou a agência de notícias espanhola EFE.

Moscovo tem acusado os países europeus de contribuírem para que o conflito se arraste com os apoios que dão à Ucrânia.

Recentemente, 26 países concordaram em enviar tropas para a Ucrânia como parte das garantias de segurança pedidas por Kiev aos aliados no caso de um cessar-fogo.

Trump, que assumiu o papel de mediador entre Moscovo e Kiev, quer a todo o custo obter um rápido fim da ofensiva ataque russo em grande escala lançada em 2022.

Mas as posições das duas partes parecem, por enquanto, irreconciliáveis.

A Rússia exige a desmilitarização e a rendição da Ucrânia, bem como a cessão das regiões ucranianas cuja anexação reivindicou, embora sem as controlar totalmente.

A Ucrânia considera estas condições inaceitáveis e exige garantias de segurança dos aliados ocidentais, por recear um novo ataque da Rússia, mesmo que fosse alcançado um acordo de paz.

A Rússia invadiu e anexou a Crimeia em 2014 e, desde a invasão de 2022, declarou como anexadas as regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.

Moscovo e Kiev realizaram este ano três rondas de negociações diretas em Istambul, em maio, junho e julho, nas quais apenas concordaram com a troca de prisioneiros de guerra e de corpos de soldados.

Quanto ao resto, limitaram-se a apresentar as respetivas posições sobre qual devia ser a fórmula para resolver o conflito.

O Presidente russo, Vladimir Putin, endureceu ainda mais as posições desde a cimeira de meados de agosto com Trump no Alasca, após a qual recusou reunir-se com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Também recusou declarar um cessar-fogo e o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia.

// Lusa

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