Há quem defenda que a agência encontrou algo que não quer revelar; há quem lembre que o contexto é essencial.
A “bomba” caiu na semana passada: rumores indicavam que a NASA tinha descoberto “sinais claros” de vida noutro planeta.
A questão foi levantada pela revista The Spectator, onde se lê que já começou o processo de divulgação dessa descoberta – mas com cautela.
É apresentada uma sequência de declarações, que são vistas como uma forma de anunciar que está confirmado que há vida noutro planeta, mas sem desestabilizar o nosso planeta.
O astronauta Tim Peake disse mesmo que o telescópio James Webb (da NASA, claro) já tinha encontrado provas de vida noutro planeta. “Mas não querem divulgar ou confirmar esses resultados até que tenham certeza absoluta“.
O portal Futurism sublinha que, de facto, o James Webb tem registado diversas observações realmente interessantes para a astrobiologia, mas há especialistas que avisam que um “salto” imediato para vida alienígena é “ridículo”. Não está a acontecer.
Há sinais, sim, de “bioassinatura potencial” – ou seja, o James Webb pode já ter encontrado molécula minúscula na atmosfera de um exoplaneta; mas não de extraterrestres noutro planeta.
O artigo da The Spectator tem outra questão: tem declarações de um astronauta, de um astrofísico e de um engenheiro mecânico. Nenhum deles é astrobiólogo ou tem qualquer experiência específica neste assunto.
NASA reage
Entretanto o portal Ars Technica conseguiu falar com a NASA sobre estes rumores.
O James Webb “não encontrou evidências definitivas de vida num exoplaneta”.
O esclarecimento – longe de um “não é não” – é de Knicole Colón, cientista inserida no projecto do telescópio para a pesquisa em exoplanetas.
“Prevê-se que as observações do James Webb possam levar à identificação inicial de potenciais bioassinaturas que poderiam tornar a habitabilidade mais ou menos provável para um determinado exoplaneta”.
No entanto, vão ser precisas mais missões para “estabelecer de forma conclusiva a habitabilidade de um exoplaneta”.
Em princípio é uma referência ao K2-18 b, um exoplaneta 8,6 vezes mais massivo que a Terra e que está a 120 anos-luz do nosso sistema solar.