A viagem da única sonda espacial enviada a Urano em 1986 pela NASA durou apenas 5 horas. Para além de ter sido visto em condições anómalas, há agora uma possibilidade de o planeta conter vida.
Quando a sonda Voyager 2 da NASA visitou Urano, os investigadores aceitaram a imagem transmitida: o planeta era invulgar, porque o seu campo magnético protetor, conhecido como magnetosfera, estava desprovido de plasma, lembra o The New York Times.
A magnetosfera retém todos os gases e outros materiais que se desprendem do planeta e das respetivas luas. Estes podem provir de oceanos ou de atividade geológica. A Voyager 2 não encontrou nenhum, o que sugere que Urano e as suas cinco maiores luas seriam estéreis e inativas.
Agora, esta segunda, um estudo publicado na Nature e liderado pelo físico Jamie Jasinski propõe que a visita da Voyager 2 decorreu durante um aumento invulgar da atividade solar, o que provocou a contração da magnetosfera do planeta. Isto criou condições em Úrano que ocorreram apenas 4% das vezes nos dados que a equipa analisou.
“Se tivéssemos chegado uma semana antes, teríamos uma imagem completamente diferente de Urano”, disse ao NYT o investigador. Ou seja, a única sonda que temos de Urano foi condicionada por condições altamente excecionais: não conhecemos realmente o planeta.
No mesmo artigo, levanta-se outra questão — pode, então, ser possível que este planeta esquecido contenha vida? Os especialistas acreditam que sim.
À BBC, William Dunn, da University College London, garantiu que “estes resultados sugerem que o sistema uraniano pode ser muito mais excitante do que se pensava. Poderão existir luas com as condições necessárias à vida, poderão ter oceanos abaixo da superfície que poderão estar repletos de peixes!”.
Agora, a NASA tem planos para lançar uma nova missão, a Uranus Orbiter and Probe, para voltar a olhar mais de perto dentro de 10 anos.
“Alguns dos instrumentos para a futura nave espacial estão a ser concebidos com base no que aprendemos com a Voyager 2, quando esta passou pelo sistema quando este estava a passar por um evento anormal”, disse Jasinsk.
Por isso, acrescentou, “temos de repensar a forma exata como vamos conceber os instrumentos da nova missão, para que possamos captar da melhor forma a ciência de que necessitamos para fazer descobertas”.
Espera-se que a sonda, que será enviada dentro de 10 anos, chegue a Úrano em 2045, e que por essa altura tenhamos, então, notícias — afinal, andamos virados para Marte, mas pode o planeta dos anéis esconder outros segredos?