Nada: o negativo infinito pode destruir o Universo

Onde está o nada? Podemos encontrá-lo? O que pode fazer-nos? Não é filosofia — é física, e um cientista pode ter a resposta. Aparentemente, o nada é inevitável.

O físico Antonio Padilla explica na New Scientist a existência de dois conceitos: o Nada e o nada. Sim, a única diferença aparente é no N maiúsculo ou minúsculo, mas isso muda tudo.

O Nada significa algo que não existe, e nunca poderá ser nada. É um verdadeiro Nada: nunca foi nada, nunca será nada, um pouco como escrevia Fernando Pessoa.

Mas quando falamos do N minúscula o caso muda de figura. E tudo começou com Leucipo e Demócrito, ainda no século V a.C.: propuseram que a matéria é composta por átomos que existem no meio de uma vazio infinito — um nada.

Por outro lado, na filosofia oriental, o nada é outra coisa: é uma espécie de libertação — o vazio é uma iluminação. Em 1299, no entanto, as autoridades em Florença chegaram ao ponto de proibir o uso de números hindu-arábicos, especialmente o zero. Era a disputa entre ocidente e oriente, com duas filosofia bem diferentes.

Durante a idade média, porém, acreditava-se que Deus podia fazer tudo, e portanto podia criar o vazio.

Hoje em dia, muitos cientistas acreditam que a energia negra é a energia do vazio. Mas o que é , afinal, o nada. Onde se encontra?

Em 1982, o físico Fields Ed Witten descobriu uma instabilidade do espaço-tempo. O nada, afirma, pode surgir literalmente do nada e começar a devorar o Universo de forma para dentro. Assim mesmo: uma bolha de nada aparecia em sua casa, levava tudo, inclusive o espaço. Pode parecer fantasioso, mas a ideia despertou a curiosidade científica.

Dois investigadores da Universidade de Princeton, Adam Brown e Alex Dahlen, formularam em 2011 que o nada é uma curva infinitamente negativa.

Quando a energia é positiva, a curva é infinitamente positiva e quando é a energia é negativa, o oposto acontece, mas o que se observa é um universo que inicialmente se expande antes de colapsar sobre si próprio, desaparecendo numa crise apocalíptica.

No fundo, os dois cientistas atestaram a teoria de Witten: imaginaram bolhas cheias de energia negativa. À medida em que aumentavam a curvatura no interior da bolha para valores negativos cada vez maiores, a física aproximava-se cada vez mais do que Witten tinha visto.

O nada que destrói pode então ser mesmo assim? A teoria é mesmo sustentada pelo “princípio holográfico“, que postula que o universo pode ser como uma projeção.

E o nada não é apenas possível: é também inevitável — assim provou uma equipa de Harvard.

A teoria da gravidade quântica mais simples de todas descreve o nada. De acordo com os físicos Jake McNamara e Cumrun Vafa, é possível transitar de uma teoria da gravidade quântica para outra. Portanto, é possível “entrar” e “sair” do nada.

O nada existe, mas pode destruir o Universo? Alguns físicos acreditam que sim, mas não há nada que prove o nada. Onde está, não sabemos, mas está algures — não é nada fácil encontrá-lo.

ZAP //

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