Muro de caça descoberto no Báltico pode ser a construção humana mais antiga na Europa

Michał Grabowski/Leibniz-Institut für Ostseeforschung Warnemünde

Ilustração mostra como o muro, hoje submerso, terá sido usado para encurralar animais durante a caça

Construção de mais de 10 mil anos e 971 metros de extensão teria sido usada para caça de animais — é um dos mais antigos vestígios de uma obra humana na região.

Investigadores anunciaram, em estudo publicado no PNAS este mês, a descoberta de uma muralha de pedra no Mar Báltico com mais de 10 mil anos e 971 metros de extensão no extremo norte da Alemanha, localizada à altura entre as cidades de Rostock e Rerik, no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.

Trata-se, segundo o grupo, dos mais antigos vestígios de uma construção humana na região e de um achado incomparável a nível europeu. A muralha é formada por 1.673 pedras, a maioria com menos de 100 kg, e cujo tamanho varia entre uma bola de ténis e uma bola de futebol, empilhadas de forma organizada entre algumas rochas.

Ainda segundo o comunicado do Instituto Leibniz de Pesquisa Marinha em Warnemünde, pela Universidade de Rostock e pela Universidade Christian-Albrechts em Kiel, instituições responsáveis pela descoberta, a obra tem pouco menos de 1 metro de altura e até 2 metros de profundidade, e está a 21 metros do nível do mar.

A idade do muro não pôde ser determinada com precisão, mas os cientistas afirmaram que havia bosques na região há aproximadamente 9.800 anos.

P. Hoy, Universidade de Rostock

Pedras individuais da parede em modelo 3D baseado em fotogrametria de parte da estrutura subaquática. A escala em forma de cruz na parte inferior mede 50 centímetros de largura.

Um dispositivo de caça

Acredita-se que a construção tenha sido feita por humanos que viviam da caça. A região ainda não tinha sido inundada pelo Mar Báltico naquela época, como explicam os investigadores.

Batizada de Muro de Blinker, a obra pode ter servido para encurralar e abater renas próximas ao lago, técnicas de caça semelhantes a outras já detetadas previamente.

A estrutura de pedra foi descoberta por acaso em setembro de 2021 durante levantamentos cartográficos. Segundo os cientistas, teria desaparecido com a subida do nível do mar após a última era do gelo, há 8.500 anos.

“Foi um pouco inesperado,” disse Jacob Geersen, geofísico marinho na Universidade de Kiel, na Alemanha, à Live Science. “Não procurávamos a estrutura porque não sabíamos que ela estava lá. Mas resolvemos isso no fundo do mar a partir dos nossos dados de ecobatimetria multifeixe.”

ZAP // DW

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