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Cientistas descobrem que Ramsés III foi assassinado por mais que uma pessoa

Vania Teofilo / Wikimedia

Sarcófago do Faraó Ramsés III no Museu do Louvre em 2006.

O Faraó Ramsés III terá sido assassinado por dois atacantes e não por apenas um, como se acreditava. A tese é defendida num novo livro, com base numa investigação científica que apurou que a múmia do Faraó foi alvo de uma cirurgia estética para ficar com melhor aparência.

O livro “Scanning the Pharaohs: CT Imaging of the New Kingdom Royal Mummies” (American University in Cairo Press, 2016) é uma obra do egiptólogo Zahi Hawass e de Sahar Saleem, radiologista da Universidade do Cairo.

Os dois investigadores analisaram as múmias reais das dinastias do Egipto, desde 1543 a.C. até 1064 a.C., estudando figuras como Tutankhamon, Seti I e Ramsés III, com recurso às mais modernas tecnologias.

Em 2012, um estudo que analisou a múmia de Ramsés III através da tecnologia de tomografia computadorizada (TC) concluiu que o Faraó que reinou no Egipto entre 1186 e 1155 a.C. teria sido assassinado de forma instantânea com um golpe de faca na garganta.

A teoria de Zahi Hawass e de Sahar Saleem é que o Faraó terá sido morto por mais do que um atacante com armas diferentes. Para confirmar essa ideia, eles revelam que Ramsés III teria também o dedo grande do pé cortado, provavelmente por um machado.

“O local da lesão do pé é anatomicamente distante da ferida do corte no pescoço; também a forma dos ossos do dedo do pé fracturados indica que foi induzida por uma arma diferente da usada para induzir o corte no pescoço.

Por isso, deve ter havido um atacante com um machado ou espada a atacar o rei de frente e outro com uma faca ou uma adaga a atacar o rei por trás, ambos atacando ao mesmo tempo”, explica Sahar Saleem ao site Live Science.

Este detalhe do dedo do pé cortado terá ficado “escondido” porque os embalsamadores do Faraó usaram uma espécie de prótese, feita de linho, para colocar no lugar da extremidade em falta, aquando da mumificação do corpo, usando resina para colar as camadas de tecido de forma a que o ferimento não fosse detectado.

“Isto escondia o grande segredo por baixo dos panos. Parece-me que era essa a intenção dos embalsamadores egípcios, derramar deliberadamente grandes quantidades de resina para colar as camadas dos envoltórios de linho ao corpo e ao pé”, salienta Sahar Saleem ao Live Science.

Além disso, na mumificação de Ramsés III terá sido usada a versão egípcia da actual cirurgia estética, com a colocação de materiais acondicionadores debaixo da pele para “engordar” o corpo e torná-lo mais atractivo.

O Faraó Tutankhamon também terá sido alvo do mesmo tratamento de “beleza”, com enchimentos subcutâneos na cara e nos membros, conforme se descreve no livro.

A obra faz ainda nota dos documentos históricos que relatam a existência de um plano para assassinar Ramsés III, elaborado por uma das suas mulheres, Tiye, que pretenderia colocar o filho, Pentawere, no trono.

Se conseguiram, de facto, matar o Faraó, acabaram por ir a tribunal, sendo condenados e executados durante o reinado de Ramsés IV.

Os exames feitos àquela que seria a múmia de Pentawere evidenciam que este terá acabado com a própria vida, por sufocação ou estrangulamento, alegadamente depois da condenação.

ZAP //

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