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Muco de lesma inspira criação de novo material adesivo

mattyfioner / Flickr

Lesma da espécie Arion fuscus

O muco que as lesmas soltam serviu de inspiração para um grupo de cientistas desenvolver uma nova substância pegajosa, mas flexível, que serve para estancar de maneira eficaz as feridas resultantes de uma cirurgia.

Os tecidos biológicos são superfícies húmidas e móveis, por isso é muito difícil desenvolver curativos adequados e os que já existem podem ser tóxicos para as células ou ter uma baixa fixação.

Segundo o estudo publicado esta quinta-feira na revista “Science”, os cientistas do Instituto Wyss, da Universidade de Harvard, nos EUA, criaram um adesivo resistente, super forte e biocompatível que fixa os tecidos “com uma força parecida à própria resistência da cartilagem do corpo humano, inclusive quando é molhado”.

A equipa dirigida por Juanyu Li focou-se no muco defensivo que as lesmas da espécie Arion fuscus libertam quando se sentem ameaçadas e que faz com que fiquem presas à superfície, tornando muito difícil o trabalho do predador.

Esse tipo de muco serviu de inspiração para desenvolver adesivos resistentes que imitam as suas propriedades, compostos por uma matriz dura, ainda que flexível, e uma superfície adesiva que contém polímeros com carga positiva.

Os polímeros aderem às substâncias mediante uma série de mecanismos físicos, incluindo ligações covalentes entre átomos, que os fazem particularmente pegajosos, por isso o novo curativo consegue fixar-se com força à pele, cartilagem, coração e artérias – e não é tóxico para as células humanas.

Os especialistas usaram este adesivo para resolver um defeito no coração de um porco coberto de sangue e o material ajustou-se bem ao órgão do animal sem mostrar quaisquer fugas. O produto também foi testado em cobaias, que passaram por uma simulação de cirurgia de emergência com perda súbita de sangue no fígado e não causou danos nos tecidos aplicados nem nos circundantes.

“A qualidade-chave do nosso material é uma combinação de uma força adesiva muito forte e a capacidade de transferir a força, algo que ainda não tinha sido possível”, destacou Dave Mooney, co-autor do estudo.

“A natureza encontra, com frequência, soluções elegantes para problemas comuns. É uma questão de saber para onde olhar e reconhecer uma boa ideia quando aparece”, afirmou o diretor da Instituto Wyss, Donald Ingber.

ZAP // EFE

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