O porta-voz do Movimento “Sobreviver A Pão e Água” disse à Lusa que o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, atuou como interlocutor entre o Movimento e o Governo, ao qual fará chegar as propostas do grupo.
“Fernando medina serviu como interlocutor entre nós e [o ministro da Economia] Siza Vieira”, adiantou esta sexta-feira o também presidente da Associação Nacional de Discotecas, explicando que a reunião não teve que ver com apoios específicos para empresários da cidade de Lisboa. “Lisboa não tem nada a ver com isto, até porque 80% dos manifestantes eram de fora de Lisboa”, assegurou.
Segundo José Gouveia, a reunião de quinta-feira com o autarca da capital, deveu-se ao facto de o protesto estar a acontecer em Lisboa “e por haver uma ligação de amizade entre o Ljubomir [Stanisic] e Fernando Medina“, tendo o Movimento encontrado, assim, “uma forma de chegar a Siza Vieira” indiretamente, explicou à Lusa o porta-voz do Movimento, que fazia parte de um grupo de empresários que estava em greve de fome, acampado em frente à Assembleia da República.
Os empresários decidiram terminar a greve na noite de quinta-feira, ao sétimo dia sem comer, depois da reunião com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e da promessa de uma segunda reunião, na sexta-feira da próxima semana.
Segundo José Gouveia, as medidas que foram apresentadas pelo Movimento, que incluem, por exemplo o levantamento das restrições de horário na restauração, vão ser estudadas esta semana e serão colocadas à apreciação de outros ministérios, designadamente o da Saúde.
“Na sexta feira [11 de dezembro] voltamos a reunir, Fernando medina mais uma vez será o interlocutor da reunião, queremos também que Siza vieira esteja presente, via telefone, ou que nos diga, no fundo que se faça um apanhado disto tudo”, acrescentou.
Se as principais reivindicações do Movimento não forem consideradas válidas pelo Governo, José Gouveia garantiu que estão dispostos a voltar à greve de fome.
“Isto foi uma suspensão do processo em virtude desta porta que se abriu. Nós também não somos masoquistas”, admitiu, acrescentando que Fernando Medina lhes pediu que parassem com o protesto e que conversassem.
Quanto à disponibilidade manifestada pelo secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, e pela secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, para se reunirem com o Movimento, José Gouveia esclareceu que não aceitou, uma vez que o “convite, a ser feito à Associação de Discotecas Nacional, está a excluir o Movimento”.
Um grupo de empresários estava a fazer greve de fome há quase uma semana, reivindicando uma reunião com o primeiro-ministro ou com o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital para apresentar medidas que consideram adequadas para apoiar os empresários da noite, restauração, cultura, alojamento, entre outros gravemente afetados pelas medidas para conter a propagação de covid-19.
Entre as medidas propostas pelo grupo está o levantamento das restrições de horário, apoios a fundo perdido imediatos e a isenção da Taxa Social Única (TSU).
Na quarta-feira, o Governo disse ser “falso” que se tenha recusado a receber os manifestantes ao contrário das afirmações de alguns dos seus membros na comunicação social.
// Lusa