Moustapha Cissé passou de uma equipa de refugiados a herói da Atalanta em apenas um mês

Elisabetta Baracchi / EPA

Moustapha Cissé pegado ao colo pelos colegas após o golo da vitória.

O autor do golo da vitória da Atalanta no último encontro jogava numa equipa de refugiados da oitava divisão italiana ainda há menos de um mês.

Volta e meia, o futebol traz-nos histórias que nos fazem acreditar na velha máxima de que isto é mais do que um mero desporto. O percurso de Moustapha Cissé é espelho disso mesmo e tem corrido o mundo pela sua magnificência.

Na partida da 30.ª jornada da Serie A, no domingo, a Atalanta sentiu sérias dificuldades em derrotar o Bolonha. O golo solitário surgiu apenas aos 82 minutos. O autor do tento decisivo foi Moustapha Cissé, um jovem guineense de apenas 18 anos.

Ora, não é apenas a idade e o facto de ser a estreia do avançado pela equipa principal que tornam o momento especial. Ainda há um mês, Cissé estava no Associazione Sportiva Dilettantistica Rinascita Refugees, uma equipa de refugiados da oitava divisão italiana.

Recentemente, num jogo particular frente ao Lecce, da segunda divisão, o jovem despertou a atenção da Atalanta, que a contratou para a sua formação.

Em apenas três partidas pelos juniores, Cissé mostrou o seu valor: marcou dois golos na vitória por 3-1 ao AC Milan e marcou ainda o golo da vitória por 1-0 ao Nápoles.

O jogador natural da Guiné-Conacri impressionou de tal forma que mereceu uma chamada à equipa principal do emblema de Bérgamo. A decisão foi facilitada, diga-se, pelas lesões de Malinovskyi, Miranchuk, Ilicic, Zapata e Boga

Este domingo, saltou do banco aos 65 minutos para o lugar de Luis Muriel, e marcou o golo que deu a vitória à sua equipa.

No final da partida, o treinador adjunto de Gian Piero Gasperini elogiou o jovem guineense e o trabalho da Atalanta em apostar em jogadores como Cissé.

“Para além do talento, é um rapaz excecional. Veio para Bérgamo, treinou connosco. É muito educado e é um exemplo, apesar da vida difícil que teve. É um miúdo maravilhoso, com vontade de aprender e marcou um golo de campeão”, disse Tulio Gritti.

“É a história da Atalanta. O clube sempre acreditou na sua academia e tem sido assim nos últimos cinco, seis anos. Dizem que não há talento jovem no futebol italiano, mas há, desde que haja coragem de meter os jovens a jogar. Foi um golpe de mestre de Gasperini”, acrescentou.

Cissé chegou a Salento, Itália, aos 16 anos de idade, órfão, procurando uma vida melhor do que aquela que tinha em Conacri.

“Era um menino de 16 anos, desorientado, assustado. Não sabia o que fazer”, lembra o presidente do ASD Rinascita, Antonio Palma, em declarações à Gazzetta dello Sport. “Em pouco tempo, tornou-se um dos nossos melhores jogadores”.

Daniel Costa, ZAP //

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