Carles Falcón tinha 45 anos e estava a participar na prova pela segunda vez. Lista de vítimas mortais aproxima-se dos 80.
O Rali Dakar está a chegar ao fim mas entrou na última semana com uma notícia trágica: morreu Carles Falcón.
O piloto de motos, de 45 anos, estava a participar na prova pela segunda vez.
Logo na segunda etapa, nos quilómetros finais, o espanhol sofreu um acidente grave e teve uma paragem cardio-respiratória. Ficou com um edema cerebral e com várias fracturas.
Nesta segunda-feira, a sua equipa TwinTrail Racing Team anunciou o óbito. Os médicos não conseguiram recuperar o piloto dos seus danos neurológicos.
Estava nesta edição com um objectivo particular, segundo o próprio: terminar o rali que o companheiro de equipa Isaac Feliu não conseguiu terminar, no ano passado – porque também tinha protagonizado um acidente grave.
79 vítimas
A lista de pessoas que morreram por causa do Rali Dakar é longa. Com este caso, já vai em 79.
33 desses mortos eram pilotos. Um deles foi Paulo Gonçalves, o português que morreu durante o Dakar 2020.
Entre espectadores, jornalistas ou membros de equipas ou da organização, os incidentes mortais começaram cedo, logo no início do evento, em 1979, quando morreu o piloto Patrice Dodin.
E o foco mediático nas mortes também já vem de trás. Em 1988 o jornal Los Angeles Times sublinhava que o Dakar desse ano, mais do que “glória” ou “espectáculo”, ficou marcado pela morte de seis pessoas. E as críticas ao então Paris-Dakar já eram muitas nessa altura.
Não morreram pessoas em todos os anos, mas quase. Sobretudo entre não pilotos.
Em 2006, por exemplo, a edição da prova motorizada ficou marcada pela morte de duas crianças, além do piloto Andy Caldecott, que também não resistiu a um acidente. A revista Autosport, nesse contexto, citava um espectador: “Isto levanta mesmo questões de segurança. Não pode continuar assim, algo tem de ser feito“.
A edição de 2014 também ficou “assombrada” pela morte de três pessoas: o piloto Eric Palante e dois espectadores, recordava a Al Jazeera na altura, que destacava precisamente que o Dakar, com todas as suas características, “muitas vezes origina mortes”.
Terrorismo
E ainda entra o terrorismo. Ataques terroristas têm preenchido a história do Dakar, que até já mudou de local por causa desse assunto – na altura por insegurança na Mauritânia.
Aliás, Portugal aparece na história nessa fase: em 2008 o rali foi cancelado precisamente por ameaça terrorista; e ia começar em Lisboa.
Há quem considere que esta prova nem deveria existir. Por todos estes motivos, é perigosa e desnecessária, sabendo que há alta probabilidade de alguém morrer em cada edição do Rali Dakar.
Há quem defenda que o espectáculo deve continuar – e lembre que só participa quem quer, e já sabe ao que vai.
Quantas pessoas morrem vitimas de acidentes rodoviários nas ruas das cidades, vilas e aldeias de Portugal? E não estão a participar numa prova automobilística de aventura em que o risco é precisamente um dos maiores atrativos.
Isto parece caso único, mas não é e nem é a prova com piores regitos.
Procurem saber sobre o TT da Ilha de Man. A média de mortes é superior a 1 por ano.
No entanto eu acho e os que dela participam, um desafio extraordinário, capaz de proporcionar imagens absolutamente fenomenais.
No entanto não sinto legitimidade em julgar quem decide submeter-se a estes níveis de risco. Cabe a cada um decidir.
Vivam o Dakar e o TT…