Samuel Sandoval, um dos últimos Code Talkers navajos que serviram durante a Segunda Guerra Mundial, morreu na sexta-feira, aos 98 anos.
Na Segunda Guerra Mundial, centenas de jovens da Nação Navajo foram recrutados para servir como Code Talkers e atuar juntamente com o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (EUA). Após a morte de Sandoval, restam apenas três: Peter MacDonald, John Kinsel Sr. e Thomas H. Begay.
Como lembrou a NPR, os Code Talkers participaram de todos os ataques que os fuzileiros navais conduziram no Pacífico, enviando milhares de mensagens sobre os movimentos das tropas japonesas, táticas de batalha e outras comunicações que contribuíram para o resultado final da guerra.
O código, que tinha 813 palavras e que foi criado tendo por base a então não escrita língua Navajo, confundiu os militares japoneses e ajudou os EUA a vencer a guerra. Sandoval estava em Okinawa quando recebeu a notícia, por parte de outro Code Talker navajo, que os japoneses se haviam rendido.
Samuel Sandoval, one of the last surviving Navajo Code Talkers who served during World War II, died Friday, according to a release from the Navajo Nation. https://t.co/Abudy3LcJH
— CNN (@CNN) July 31, 2022
De acordo com a esposa de Sandoval, Malula, o antigo oficial queria que os “jovens navajos de hoje soubessem” o que foi feito, como o código foi usado e como contribuiu para o mundo”, que tivessem noção da importância da sua língua e que continuassem a “carregar esse legado”.
Sandoval nasceu em Nageezi, no noroeste do Novo México. Alistou-se no Corpo de Fuzileiros Navais após frequentar uma escola metodista, onde foi desencorajado de comunicar em navajo. Como oficial, ajudou a recrutar outros membros para atuarem como Code Talkers.
Serviu em cinco missões e foi dispensado, com honra, em 1946. Os Code Talkers tinham ordens para não discutir a sua atuação na guerra – cenário que se manteve até 1968. Mais tarde, quando já podia revelar o seu papel no conflito, falava sobre o assunto com orgulho. O seu irmão, Merrill, foi também um Code Talker.
Curioso e informado, lia os jornais locais, participava da comunidade e ia às reuniões legislativas. Gostava de viajar e de partilhar as suas experiências. A sua história deu origem a um livro e a um documentário com o mesmo nome – “Naz Bah Ei Bijei: Heart of a Warrior”.
A saúde de Sandoval declinava nos últimos anos, muito em consequência de uma queda na qual fraturou o quadril, contou Malula. A sua última viagem foi para Nova Orleães, em junho, onde recebeu o American Spirit Award do Museu Nacional da Segunda Guerra Mundial. MacDonald, Kinsel e Begay também foram homenageados.
O presidente navajo Jonathan Nez disse que Sandoval será lembrado como uma pessoa amorosa e corajosa, que defendeu a sua pátria através do seu idioma. “Estamos tristes com a sua morte, mas o seu legado viverá para sempre nos nossos corações e pensamento”, disse, em comunicado.
Já o presidente do Conselho da Nação Navajo, Seth Damon, declarou que a vida de Sandoval foi guiada pelo caráter, pela coragem, pela honra e pela integridade e que o seu impacto será para sempre lembrado. “Que descanse entre nossos guerreiros mais resilientes”, frisou, em nota oficial.