Morreu Samuel Sandoval, um dos últimos Code Talkers navajos, aos 98 anos

Donovan Quintero / Navajo Times

Samuel Sandoval

Samuel Sandoval, um dos últimos Code Talkers navajos que serviram durante a Segunda Guerra Mundial, morreu na sexta-feira, aos 98 anos.

Na Segunda Guerra Mundial, centenas de jovens da Nação Navajo foram recrutados para servir como Code Talkers e atuar juntamente com o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (EUA). Após a morte de Sandoval, restam apenas três: Peter MacDonald, John Kinsel Sr. e Thomas H. Begay.

Como lembrou a NPR, os Code Talkers participaram de todos os ataques que os fuzileiros navais conduziram no Pacífico, enviando milhares de mensagens sobre os movimentos das tropas japonesas, táticas de batalha e outras comunicações que contribuíram para o resultado final da guerra.

O código, que tinha 813 palavras e que foi criado tendo por base a então não escrita língua Navajo, confundiu os militares japoneses e ajudou os EUA a vencer a guerra. Sandoval estava em Okinawa quando recebeu a notícia, por parte de outro Code Talker navajo, que os japoneses se haviam rendido.

De acordo com a esposa de Sandoval, Malula, o antigo oficial queria que os “jovens navajos de hoje soubessem” o que foi feito, como o código foi usado e como contribuiu para o mundo”, que tivessem noção da importância da sua língua e que continuassem a “carregar esse legado”.

Sandoval nasceu em Nageezi, no noroeste do Novo México. Alistou-se no Corpo de Fuzileiros Navais após frequentar uma escola metodista, onde foi desencorajado de comunicar em navajo. Como oficial, ajudou a recrutar outros membros para atuarem como Code Talkers.

Serviu em cinco missões e foi dispensado, com honra, em 1946. Os Code Talkers tinham ordens para não discutir a sua atuação na guerra – cenário que se manteve até 1968. Mais tarde, quando já podia revelar o seu papel no conflito, falava sobre o assunto com orgulho. O seu irmão, Merrill, foi também um Code Talker.

Curioso e informado, lia os jornais locais, participava da comunidade e ia às reuniões legislativas. Gostava de viajar e de partilhar as suas experiências. A sua história deu origem a um livro e a um documentário com o mesmo nome – “Naz Bah Ei Bijei: Heart of a Warrior”.

A saúde de Sandoval declinava nos últimos anos, muito em consequência de uma queda na qual fraturou o quadril, contou Malula. A sua última viagem foi para Nova Orleães, em junho, onde recebeu o American Spirit Award do Museu Nacional da Segunda Guerra Mundial. MacDonald, Kinsel e Begay também foram homenageados.

O presidente navajo Jonathan Nez disse que Sandoval será lembrado como uma pessoa amorosa e corajosa, que defendeu a sua pátria através do seu idioma. “Estamos tristes com a sua morte, mas o seu legado viverá para sempre nos nossos corações e pensamento”, disse, em comunicado.

Já o presidente do Conselho da Nação Navajo, Seth Damon, declarou que a vida de Sandoval foi guiada pelo caráter, pela coragem, pela honra e pela integridade e que o seu impacto será para sempre lembrado. “Que descanse entre nossos guerreiros mais resilientes”, frisou, em nota oficial.

ZAP //

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